REPERCUSSÃO

É possível falar em psicopatia no caso do menino de 9 anos que matou 23 animais no Paraná?

Membro do Conselho Regional de Psicologia - Minas Gerais (CRP-MG) explica em que momento diagnóstico pode ser feito

O Tempo
Publicado em 16/10/2024 às 08:41
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Ação do menino de 9 anos foi flagrada pelas câmeras de segurança do local (Foto/Reprodução/X @futricasefofoca)

Repercute nas redes sociais, nesta terça-feira (15), o caso de um menino de 9 anos que teria matado 23 animais de um hospital veterinário, na cidade paranaense de Na Fátima, ao longo de 40 minutos. A violência contra coelhos e porquinhos da índia foi filmada e admitida pelo garoto posteriormente. Em postagens e comentários, não é difícil encontrar quem chame a criança de psicopata ou o compare a histórias de assassinos conhecidos pelo grande público. Mas, afinal, é possível falar em psicopatia neste caso?

Coordenadora da Comissão de Orientação em Psicologia de Emergências do Conselho Regional de Psicologia - Minas Gerais (CRP-MG), Cristiane Nogueira explica que não é possível ter diagnóstico sobre Transtorno de Personalidade Antissocial (TPA) ou psicopatia antes dos 18 anos. Isso acontece porque crianças e adolescentes ainda estão vivendo desenvolvimento humano dos pontos de vista biológico, psicológico e social. 

Somente profissionais da área da saúde, como um psiquiatra ou psicólogo clínico, podem diagnosticar psicopatia quando o indivíduo já é adulto.

Segundo Cristiane, a recomendação para o ocorrido no Paraná não é de busca de um diagnóstico para a criança após um caso episódico, mas o acompanhamento multidisciplinar do indivíduo ao longo do tempo. Além de psicólogos, é importante que o trabalho seja feito também por assistentes sociais, médicos e educadores. 

“ A primeira coisa a se fazer é preservar a criança da exposição midiática, protegê-la da caça às bruxas. Depois, é preciso ter cuidado e tempo para fazer um estudo psicossocial com uma equipe multiprofissional, sem dizer que há indícios disso ou aquilo. A gente não aponta caminhos baseados em indícios, mas em fundamentação científica. Isso demanda estudo, método, técnicas profissionais que levam tempo. É preciso ter cuidado para não responder ao imediatismo que as pessoas querem”, explica Cristiane.

Para a psicóloga, muitas pessoas buscam respostas simples para uma situação que é bastante complexa. “Estamos vivendo um frenesi no Brasil com a compra de (filmes e séries) enlatados norte-americanos sobre psicopatas e serial killers isso é algo que mobiliza. A gente acaba perdendo a crítica e o distanciamento entre o que é arte e a realidade. Além disso, temos a questão do excesso de diagnósticos que a psicopatologização traz para a sociedade. Hoje, as pessoas entram na internet e, a partir de sinais isolados, buscam diagnósticos para elas e para as pessoas mais próximas”, afirma. 

Fonte: O Tempo

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