Em entrevista concedida à reportagem do Jornal da Manhã, o advogado e vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Uberaba, Leuces Teixeira de Araújo, foi categórico ao afirmar que o endurecimento das leis não contribuirá para diminuir a criminalidade no país. “Está mais do que provado que a elaboração de leis mais severas, por si só, não combate a criminalidade. Um exemplo claro é a lei dos crimes hediondos. Quando ela surgiu diziam que iria acabar com o sequestro, mas essa modalidade ainda existe”, garante.
Segundo Leuces, a forma mais eficaz de combate ao crime é o investimento em profissionais e no aparato por eles utilizado. “Crime se combate com polícia nas ruas. Mas não adianta nada se não for bem treinada, motivada e com bons equipamentos”, comenta. Para o criminalista, é inadmissível cidades não terem um delegado. “O nosso governador deu uma senhora melhora na Polícia Militar. Porém, é claro o esquecimento da Polícia Civil. Tem que abrir concurso para delegado, escrivão, investigador. Volto a repetir: só assim se acaba com o crime”, afirma.
Leuces diz ainda que a sociedade está perdendo a guerra para as drogas. Ele explica que esse mal tem que ser tratado como problema crônico de saúde pública. “Infelizmente, nós estamos perdendo essa guerra. Chegou a hora da sociedade reagir. É necessário realizar uma política séria para tratar esses dependentes químicos”, avalia.
O criminalista lembra que a droga não é mais problema das médias e grandes cidades. “O crack chegou às cidades do interior. Ela está presente no campo. Existem cortadores de cana que só vão trabalhar no serviço pesado ‘noiado’. Temos que tratar desses doentes e não prendê-los. Até porque o traficante mesmo não usa drogas. Ele quer eleger um vereador, um deputado. Esse é o poder paralelo tomando conta da sociedade”, reflete.
Outro ponto que precisa ser pensado é o aceleramento dos processos judiciais. Leuces diz que é inaceitável uma comarca como a de Uberaba ter centenas de processos de oito a dez anos sem serem julgados. “Têm crimes de homicídios de 2.001, onde o réu não tem sentença de pronúncia. Nós temos que fazer justiça e julgar esses casos. Isso é o mínimo que se espera”, conclui.