A frase “reintegração não para nossa luta” define bem a ação registrada ontem por membros do Fórum Regional de Reforma Agrária do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba
A frase “reintegração não para nossa luta” define bem a ação registrada ontem por membros do Fórum Regional de Reforma Agrária do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Eles tomaram posse na manhã de ontem da fazenda Inhumas, localizada às margens do km 120 da rodovia BR-050, em Uberaba, que no último dia 18 teve cumprida a reintegração de posse pela Justiça Federal.
De acordo com o representante do fórum, Edvaldo Soares do Santos, conhecido como “Primo”, a invasão de ontem não tem nada a ver com os posseiros que foram retirados do local há oito dias. “O fórum é composto por vários movimentos e levantamos várias bandeiras, independente da cor, siglas, o importante é libertar a classe trabalhadora do latifúndio”, explicou Edvaldo.
O representante volta a afirmar que o laudo confirmou que a fazenda é improdutiva e que os Títulos da Dívida Agrícola (TDA) e o dinheiro para pagar o proprietário já estavam na conta. “No nosso entendimento, é uma barbaridade o que estão fazendo com a classe trabalhadora, independente dessa área”, ratificou.
Edvaldo desabafa, considerando que são um absurdo as reintegrações de posse. “Algumas áreas, mesmo consideradas assentamentos, são reintegradas. A Justiça faz essa reintegração e manda o trabalhador para onde? E nós temos certeza que essa área, mais dia menos dia, será desapropriada para assentar as famílias”, confirmou.
O representante do fórum considera a ação de ontem como uma forma de pressão sobre o Incra. “É uma pressão ao órgão responsável para fazer a reforma agrária, e que o governo, tanto estadual quanto federal, cumpra seu papel de pegar a fazenda improdutiva e destinar à reforma agrária”, ressaltou Edvaldo.
Ele finaliza afirmando que o objetivo não é sair dali até que o local vire um assentamento de reforma agrária. Durante a ação, representantes da Polícia Militar e do fórum acionaram a comissão de negociação e realizaram reunião para que a tranquilidade fosse mantida na região.
No último dia 18, as polícias Militar e Civil, juntamente com oficiais de Justiça Federal, cumpriram a reintegração de posse da Fazenda Inhumas. O local foi invadido em janeiro de 2009 por um grupo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Esta foi a segunda vez que o local foi invadido. A primeira aconteceu em dezembro de 2008.
A decisão de retirar as famílias sem terra foi da juíza da 12ª Vara Federal de Belo Horizonte, Rosilene Maria Clemente de Souza Ferreira. Em seu despacho, a magistrada determinou a extinção da ação de desapropriação das terras para fins de reforma agrária, além da imediata reintegração de posse.
As famílias que foram retiradas da fazenda continuam na fazenda Cedro, no acampamento Roseli Nunes, próximo ao 1º de Maio, acampamento que deu apoio às famílias que foram retiradas da fazenda Inhumas durante reintegração de posse. Toda a produção das famílias que estavam na fazenda foi arrancada da terra.