As suspeitas são de que quase metade do auxílio reconstrução distribuído tenham sido para pessoas que não se enquadravam nos critérios
Tragédia causou prejuízos financeiros e mortes no Sul do Brasil (Foto/Rafael Dalbosco/Futura Press/Folhapress)
O governo federal apura indícios de fraude em mais de 300 mil pedidos de acesso aos R$ 5.100 do Auxílio Reconstrução criado para ajudar pessoas afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul. As suspeitas recaem sobre quase metade do total de solicitações (629,6 mil).
O Executivo investiga o caso de 150,6 mil pessoas que solicitaram o benefício e, em tese, não moram em área atingida pela tragédia ambiental. Além disso, 152,7 mil não tiveram o endereço confirmado e 2.700 requereram o auxílio em mais de uma cidade. Os números foram revelados pelo Jornal Nacional e confirmados pela Folha.
Outra situação sob suspeita são 1.262 pedidos feitos em nome de pessoas que constam como mortas na base de dados do governo federal.
O benefício de R$ 5.100 foi criado para ajudar famílias atingidas pelas enchentes, que deixaram cidades alagadas e casas destruídas no estado gaúcho.
As tentativas de fraude foram identificadas em uma espécie de malha fina feita pelo Executivo para identificar possíveis irregularidades na concessão do benefício.
A extensão territorial das enchentes no estado e o número de pessoas afetadas fizeram da tragédia gaúcha um fenômeno sem precedentes no Brasil, segundo especialistas de diferentes áreas ouvidos pela Folha.
Diversas cidades ficaram com bairros alagados por mais de 20 dias, com abrigos cheios e pessoas morando na rua à espera do retorno à casa. Na volta às residências, as pessoas se depararam com móveis destruídos, eletrodomésticos estragados e todas as dependências sujas de lama.
Último balanço do governo do estado aponta que as chuvas deixaram 182 mortos e 806 feridos. Há 31 desaparecidos. No total, 2,3 milhões de pessoas foram afetadas.
O auxílio criado pelo governo visa auxiliar as famílias a consertar a casa e comprar novamente os itens necessários.
Fonte: O Tempo