O IBGE divulga nesta quinta-feira (4/12) o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no terceiro trimestre deste ano, com possibilidade de desaceleração em relação ao trimestre anterior. Medianas do mercado apontam para uma alta entre 0,1% e 0,3%. No período anterior, a economia tinha avançado 0,4%. Em entrevista a um canal de TV do Ceará, nesta quarta (3/12), o presidente Lula se mostrou otimista e disse que o país vive “um bom momento econômico” e pode entrar em 2026 com indicadores positivos, como força do mercado de trabalho, maior renda e inflação controlada.
No entanto, analistas apontam para uma desaceleração no segundo semestre deste ano com reflexos para 2026. Marco Ribeiro Noernberg, sócio e estrategista de renda variável da Manchester Investimentos, disse que o consenso de mercado é o de um crescimento em torno de 0,3% no terceiro trimestre,comparando com o trimestre anterior, mostrando uma certa acomodação da economia. “É um número que mostra que o país continua crescendo neste ano, mas já é uma leitura de uma economia um pouco mais desaquecida, especialmente se comparamos com o primeiro semestre”, aponta.
Ainda segundo ele, o país vive um nível de desemprego baixo neste momento, mas ao mesmo tempo, a Selic passou o ano inteiro em taxas elevadíssimas, na faixa de 15%. “E isso tem deixado o crédito cada vez mais seletivo. Vimos, inclusive, um estresse com relação ao crédito privado. Isso tira um pouco o ímpeto da gente continuar com crescimento forte”, completa.
Para ele, o ano de 2025 deve fechar com alta de 2,2% no PIB. Olhando para 2026, ele projeta um crescimento menor: na faixa de 1,7% e 1,8%. “Então, na prática, os sinais estão mistos. Temos um governo tentando estimular o consumo com gastos governamentais e, ao mesmo tempo, a gente tem a questão da Selic muito alta e um crédito muito restritivo. Esses dois fatores se contrabalanceiam. O resumo geral é: o que o dado deve mostrar? Uma economia que continua crescendo, mas em um ritmo mais fraco do que a gente viu recentemente", disse. Ele também lembra que 2026 terá eleição presidencial, que deixa o cenário um pouco duvidoso.
Relatório do banco Daycoval aponta para um cenário de estagnação para o terceiro trimestre. “Projetamos estabilidade (0,0%) na variação trimestral e 1,5% na variação anual (comparação com o terceiro trimestre de 2024). Se confirmado, o resultado mostrará desaceleração da atividade no segundo semestre, conforme esperado”,diz a análise da instituição. Para 2025, a aposta é de um crescimento de 2%, caindo para 1,8% em 2026.
Superintendente da Mesa de Derivativos do banco BS2, Ricardo Chiumento aposta em crescimento nulo no último trimestre deste ano, com o acúmulo de 12 meses em 2,5% no ano contra ano. “O quarto trimestre será equilibrado basicamente pelo consumo das famílias, que segue resiliente, mesmo considerando a taxa de juros alta, a maior desde 2015. Por outro lado, a produção industrial vem sofrendo bastante”, disse.
No ano, ele destaca o agronegócio, que deve fechar com um crescimento de 6%, sendo a maior representação do setor dentro do PIB em 22 anos.
Fonte: O Tempo.