Dezenas de manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) se reuniram na tarde de ontem com representantes do Instituto Nacional da Reforma Agrária
Dezenas de manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) se reuniram na tarde de ontem com representantes do Instituto Nacional da Reforma Agrária (Incra) e os advogados do proprietário da fazenda Inhumas, que teve sua área novamente invadida após liminar garantindo a imediata reintegração de posse. O encontro ocorreu no escritório regional do deputado estadual Adelmo Carneiro Leão (PT).
Como objetivo principal de negociar a saída de forma pacífica das famílias de sem-terra, a reunião se transformou em muito bate-boca entre os líderes do MST, ouvidoria do Incra e advogados. “Nós invadimos a terra porque o Incra disse que a área era improdutiva. Nós nem sabíamos da existência desta fazenda. Foi o Incra que disse para nós invadirmos”, afirmou uma das líderes dos sem-terra, Maísa do Carmo de Paula.
Já o advogado Frederico Diamantino Silva garante que o local é produtivo e explicou que a liminar que determina a reintegração de posse é embasada na lei. “A legislação diz que quando uma área é invadida, ela fica inviabilizada para reforma agrária. Por este motivo, ação de desapropriação foi extinta por decisão da 12ª Vara Federal de Minas Gerais”, comenta.
Em nota, a superintendente regional do Incra, Luci Rodrigues Espeschit, diz que a autarquia recorrerá até a última instância contra a decisão judicial. E pede para que os trabalhadores rurais interessados na desapropriação da fazenda Inhumas aguardem com serenidade o resultado dos recursos impetrados.
A princípio o encontro era para durar uma hora. Ao tomar ciência da curta duração da reunião, imediatamente os membros do MST tomaram a rua Major Eustáquio, onde ocorria a reunião, para impedir a saída dos membros da mesa antes de um desfecho comum a todos.
Interrompendo o trânsito, que teve que ser organizado pela Guarda Municipal, ocasionando um enorme congestionamento na região central da cidade, os sem-terra gritavam e cantavam palavras de ordem.: “MST. A luta é pra valer!”.
A invasão. A fazenda Inhumas foi invadida pela primeira vez em dezembro de 2008. Após desocupação da área e pouco mais de um mês, a fazenda foi invadida novamente no mês de janeiro de 2009, permanecendo até sair a decisão da Justiça Federal, determinando a reintegração de posse.
No dia 17 de fevereiro, polícias Militar e Civil, juntamente com oficiais de Justiça, cumpriram a reintegração de posse. De forma pacífica, os sem-terra se dirigiram à fazenda Cedro, vizinha de cerca da Inhumas. Nove dias após a retirada dos trabalhadores rurais, o grupo invadiu novamente a área e garante que de lá não sai mais.