ABORDAGEM

Mineiro diz que polícia imigratória quebrou sua perna em dois lugares nos EUA

O brasileiro de 31 anos, de Ipatinga, no Vale do Aço, também denuncia as más condições dos imigrantes na cadeia, que são deixados

José Vítor Camilo/O Tempo
Publicado em 28/02/2025 às 08:37Atualizado em 28/02/2025 às 08:40
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O mineiro teve a perna quebrada durante a abordagem (Foto/ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO)

Em meio ao endurecimento das políticas contra imigrantes ilegais promovida pelo presidente Donald Trump, uma abordagem da Polícia de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE) deixou ferido um mineiro de 31 anos, que vivia ilegalmente há 3 anos no país. Natural de Ipatinga, no Vale do Aço, o homem diz ter sofrido fraturas em duas partes de sua perna durante a abordagem dos agentes, ocorrida na última semana. 

A denúncia foi feita a O TEMPO pelo pastor Welber Augusto dos Santos, de 72 anos, que há 42 é missionário evangélico no país norte-americano e está acompanhando a situação do mineiro, que não será identificado. Ele conta que a abordagem truculenta teria ocorrido no último dia 18 de fevereiro, quando o mineiro estava dentro de um veículo que está em seu nome. 

"Esse mineiro entrou pelo México, como milhares de outros brasileiros, e acabou preso. Acontece que ele não compareceu à corte, e, consequentemente, tinha uma ordem de deportação contra ele. No dia, a polícia de imigração parou ele sabendo que ele era um indivíduo que deveria ser preso pela imigração. Ele conta que parou e pegou o telefone para ligar para a esposa, mas, ao descer do veículo, dois policiais vieram por trás e deram mata-leão e chutes no quadril e nos joelhos. Segundo ele, está sentindo alguma coisa fraturada, mas só os exames vão confirmar", detalha o pastor. 

O mineiro também denunciou que, após a prisão, não teria sido socorrido pelos policiais, sendo levado para uma unidade de saúde, onde ficou internado por três dias, somente depois de dar entrada em uma unidade prisional. Diante das denúncias, o missionário acionou o consulado brasileiro, que, em contato com o presídio, conseguiu que o preso tivesse pelo menos a atenção médica necessária, com a realização de um raio-x para conferir se realmente houve fraturas. 

"O que estou demandando é que o rapaz não seja deportado para o Brasil da maneira que está, seria uma tortura para ele entrar no avião do jeito que está. Além do mais, o rapaz foi ferido, maltratado, torturado pelas autoridades americanas. Então ele tem o direito de ser cuidado nos Estados Unidos. É um dever do governo americano de só deportá-lo depois que ele for tratado e estiver curado", completa o pastor Santos. 

Comida só duas vezes por dia

Um outro ponto denunciado pelo mineiro durante a conversa com o pastor foi com relação ao mal tratamento que está sendo dado aos imigrantes no país norte-americano. "Eles acordam os prisioneiros às 4h da madrugada para servir o café da manhã. Depois disso, eles só comem às 15h. E eles servem pouca refeição, muito fraca. Fora isso, eles (imigrantes ilegais) têm que comprar da própria penitenciária, que é terceirizada. Então, dependem da família depositar o dinheiro na conta deles para comprar a comida. Quem não tem condição está passando fome ali dentro", denuncia Santos. 

Ainda conforme o missionário, nas prisões que são controladas pelo Governo dos Estados Unidos são servidas três ou quatro refeições por dia. "Parece que eles terceirizam para poder, se o governo for questionado, dizer que não é da responsabilidade deles, mas da empresa particular", completou. 

"Não estou questionando a parte legal, se o indivíduo devia ou não. Então, pelas leis americanas, o governo tem o direito de deportar o indivíduo que está ilegal, mas não de ferir o indivíduo e deportá-lo todo machucado para o Brasil", finalizou o pastor brasileiro. 

O TEMPO procurou o Itamaraty para saber se o órgão acompanha o caso do brasileiro preso nos Estados Unidos. Até a publicação da reportagem o órgão ainda não tinha se manifestado. 

Fonte: O Tempo

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