Alípio era conhecido como 'Bola' pelos amigos, e retornava de uma viagem a trabalho no Paraná (Foto/Reprodução/Redes Sociais)
Morto na queda do avião da Voepass na última sexta-feira (9), em São Paulo, o mineiro Alípio Camilo dos Santos Neto ia se casar nos próximos meses. Ele é uma das 62 vítimas do acidente em Vinhedo. Desde a noite de sexta-feira (9), quando a lista de passageiros e tripulantes que estavam na aeronave foi divulgada pela companhia aérea, a família aguarda a identificação do corpo de Alípio, que morreu aos 35 anos.
Os familiares dependem da coleta de material genético para o cruzamento com os componentes biológicos coletados nos destroços do avião durante a operação de resgate. À reportagem de O TEMPO, o tio de Alípio, Juliano Camilo, relatou que uma irmã do passageiro está em São Paulo acompanhando os trâmites. A coleta de material genético também deve ser feita com a mãe de Alípio, em Monte Carmelo, cidade em que o passageiro do avião nasceu e que parte da família mora.
Segundo Juliano, o sobrinho estava noivo e o casamento estava previsto para acontecer após a formatura da noiva de Alípio. “Estão todos arrasados. A mãe dele está muito chocada, triste. A nossa família pede até apoio para ajudar nas investigações. Por tudo que estamos vendo no noticiário, o avião estava em péssimas condições de uso”, lamentou o tio.
No último domingo, o Fantástico, da TV Globo, apresentou depoimentos de funcionários da Voepass denunciando falhas nos critérios de segurança da empresa. O semanário ainda mostrou que a aeronave que caiu em Vinhedo apresentava problemas estruturais. Desde o acidente, a família diz que o maior apoio tem sido do grupo BRF, empresa em que Alipio atuava como auditor interno.
Por parte da Voepass, denunciou o tio, nenhum apoio tem sido enviado. Em nota, no entanto, a companhia aérea afirmou que uma equipe multidisciplinar está assistindo às famílias das vítimas de todas as formas possíveis.
“Foi criado um setor de acolhimento, exclusivamente para este atendimento, onde todos os dias os representantes da VOEPASS Linhas Aéreas conduzem um encontro com o objetivo de prover informações oficiais e confiáveis”, diz a nota. A empresa ainda afirma que tem disponibilizado esforços logísticos e operacionais para as famílias, em casos de transporte, hospedagem, alimentação, traslado e serviço funerário.
“Para tanto, disponibilizamos uma equipe composta por médicos, psicólogos e voluntários nos hotéis onde estão acomodados os familiares”, complementou a Voepass em nota.
Morador de Uberlândia
Alípio Camilo dos Santos Neto era auditor interno em uma grande rede de frigorífico e estava morando em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Pelo perfil no LinkedIn, ele se apresentava como um profissional com 15 anos de experiência em controladoria.
A vítima atualmente trabalhava para a BRF, mas já passou pela Sadia. Alípio era formado em Ciências Contábeis e pós-graduado em Gestão Empresarial e Planejamento Tributário. Ele voltava do Paraná, onde estava a trabalho, no voo que caiu em Vinhedo. Alípio era conhecido pelos amigos como 'Bola' e 'Netinho'. A morte foi lamentada nas redes sociais.
"Descanse em paz meu amigo, você jamais será esquecido. Estamos devastados”, escreveu no Instagram a @adi_ribeiro. “Grande Alipio. Um rapaz muito bom de coração… muito gentil e de uma energia muito boa. Trabalhador muito prestativo e honesto. Muito obrigado por sua amizade meu amigo. Infelizmente se foi… fique com Deus”, lamentou outro usuário.
Uma mulher, que se apresentou como babá do "Netinho", como era o apelido de Alípio, disse que a notícia do falecimento doía muito. "Eu estou sem chão. Conheço desde que nasceu, que dor meu Deus", escreveu Márcia Siqueira.
Primeiras urnas liberadas
A Força Aérea Brasileira (FAB) informou, na tarde desta terça-feira (13), que realizou o transporte de três urnas funerárias das vítimas do acidente com o avião da Voepass. “Os destinos serão os aeroportos de Cascavel (PR), onde duas urnas serão desembarcadas e a outra, em Pelotas (RS)”, explicou a FAB.
O acidente
O voo 2283 da Voepass caiu na sexta durante viagem de Cascavel (PR) a Guarulhos (Grande São Paulo), na área de uma casa no condomínio Recanto Florido, no bairro Capela. Imagens feitas por moradores mostram o avião em queda livre e, na sequência, uma explosão seguida por muita fumaça.
A queda matou os 58 passageiros e os quatro tripulantes que estavam a bordo. A aeronave, que decolou às 11h50 e tinha previsão de chegada às 13h40, perdeu 3.300 metros de altitude em menos de um minuto a partir das 13h21, segundo o site Flight Aware, que monitora voos em tempo real ao redor do mundo.
Segundo a Força Aérea Brasileira, o avião deixou de responder às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo às 13h21. O piloto não teria declarado emergência ou reportado estar sob condições meteorológicas adversas.
Nas primeiras horas após o acidente, especialistas em aviação ouvidos pela reportagem levantaram duas hipóteses principais para o caso com base nos primeiros detalhes, ressaltando ser cedo para determinar as causas. A caixa-preta do avião foi recuperada e os gravadores de voz que podem ajudar a elucidar as causas do acidente já foram acessados.
Fonte: O Tempo