Geração Z questiona eficácia dos protetores em tendência viral, enquanto especialistas alertam sobre os riscos de câncer de pele e envelhecimento precoce
Em dias quentes, o ideal é proteger todas as partes do corpo, inclusive olhos, orelhas e cabeça (Fotos/iStock/ Divulgação)
Uma nova trend de beleza que vem ganhando destaque no TikTok transforma o protetor solar em “vilão” e contraria recomendações médicas sobre os riscos da exposição ao sol sem proteção. Com a hashtag #nosunscreen (“sem protetor solar”), criadores de conteúdo alegam que o produto bloqueia a produção de vitaminas estimuladas pela luz solar, agrava casos de melasma e pode até provocar alterações hormonais. Alguns vídeos também sugerem que as orientações de uso estariam ligadas a interesses da indústria da beleza, defendendo óleos e ingredientes naturais como alternativas para cuidar da pele sem prejudicar o meio ambiente.
A repercussão do movimento gera preocupação entre a sociedade médica. A Skin Cancer Foundation, entidade que atua na prevenção, detecção e tratamento do câncer de pele nos Estados Unidos, publicou, em agosto, uma nota contra as receitas naturais de protetores solares divulgadas na internet e reafirmou a importância do produto para proteger a pele dos raios solares.
“Protetor solar caseiro não é seguro! As fórmulas que estão sendo compartilhadas nas redes sociais não têm nenhuma base científica e podem ser perigosas. Muitos ingredientes comumente usados em receitas caseiras de protetor solar (como óleos vegetais e de frutas ou sebo bovino) não oferecem proteção solar eficaz e não devem substituir o protetor solar”, alertou a entidade.
A dermatologista, Annia Cordeiro, integrante da Sociedade Brasileira de Dermatologia, também manifestou preocupação com a tendência. "Negligenciar a fotoproteção é brincar com a própria saúde. O sol não perdoa: ele danifica o DNA das células, que podem se transformar em tumorais", alerta a especialista.
Além do risco de câncer, a exposição solar sem proteção adequada provoca fotoenvelhecimento precoce, manchas na pele e lesões pré-cancerígenas. Áreas frequentemente negligenciadas, como os lábios, também estão sujeitas a danos consideráveis. "Protetores labiais específicos são fundamentais para evitar esse risco", destaca Cordeiro, referindo-se ao potencial de lesões actínicas (alterações na pele causadas pelo sol) em áreas delicadas como os lábios.
Fonte: O Tempo.