(Foto: IMAGEM ILUSTRATIVA / Freepik)
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) solicitou a suspensão de conteúdos em sites, redes sociais e grupos de WhatsApp vinculados a um falso médico de "Medicina Integrativa", conhecido por promover uma suposta "limpeza do fígado" como cura para diversas doenças. A empresa do réu possui mais de 50 mil seguidores no Instagram. De acordo com um parecer técnico da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o procedimento divulgado representa riscos à saúde, podendo levar à morte.
A ação civil pública denuncia que o homem, embora se apresente como doutor, não possui formação acadêmica nem registro profissional. O Ministério Público pede que o réu seja condenado ao pagamento de R$ 500 mil em danos morais coletivos, além de denunciá-lo pelos crimes de exercício ilegal da medicina, charlatanismo e curandeirismo.
"Limpeza de fígado" como receita
A suposta "limpeza do fígado" promovida por ele envolve a ingestão de vinagre de maçã, água, sal amargo, suco de laranja, suco de limão e azeite de oliva puro, além da prática de jejum. Segundo o falso médico, o "segredo" do tratamento está em "se deitar com o fígado para baixo".
O réu também comercializa, por meio de sua empresa, diversos produtos que, segundo o Ministério Público, promovem uma saúde ilusória, como o Kit Limpeza Hepática e suplementos alimentares supostamente capazes de potencializar a "limpeza do fígado".
Divulgando conteúdo falso em diversas plataformas, incluindo Facebook, Instagram e grupos de mensagens, ele expandiu o negócio para nove estados brasileiros, entre eles Minas Gerais, e para Lisboa, em Portugal.
Anvisa adverte
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um parecer apontando que a publicidade veiculada pelo réu é irregular e prejudicial. De acordo com a análise técnica do órgão, o protocolo de "limpeza" indicado pelo falso médico apresenta riscos graves à saúde, podendo atrasar ou interferir no tratamento de doenças sérias e provocar hipoglicemia severa, com risco de morte.
Estratégia de marketing de falso médico consiste em 'fake news'
Para conquistar novos clientes, o réu aposta em um "ciclo de transmissão de informações falsas", conforme os promotores de Justiça Rafael Pureza Nunes da Silva, da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde de Ipatinga, e Reinaldo Pinto Lara, da Coordenadoria Regional de Defesa da Saúde do Vale do Aço.
“Por meio da propaganda do título (falso) de médico e de suas especializações no ramo da medicina, angariava clientes (vítimas), inclusive por meio do anúncio da quantidade e de “feedback” de clientes (vítimas) atingidos pelos anúncios e já aderentes ao referido protocolo. Assim, tal estratégia servia de propaganda para novas adesões e reforço positivo dos pseudo-efeitos benéficos obtidos, mecanismo que se retroalimentava”, diz trecho da denúncia.
A ação também requer a indisponibilidade de ativos financeiros, veículos e imóveis em nome do falso médico.
Fonte: O Tempo