NOVEMBRO AZUL

Psicólogo fala sobre desafios culturais e o impacto da saúde mental dos homens

Dandara Aveiro
Publicado em 24/11/2024 às 16:54Atualizado em 25/11/2024 às 10:41
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A conscientização sobre o câncer de próstata, o segundo mais comum entre os homens, é o foco principal da campanha do Novembro Azul. No entanto, as questões de saúde masculina envolvem muito mais do que a luta contra essa doença. Em entrevista ao JM News 1ª Edição, na Rádio JM, o psicólogo Cristiano Mollo fala sobre estigmas culturais e o machismo estrutural que influenciam a forma como os homens cuidam de sua saúde, tanto física quanto emocional.  

O câncer de próstata é silencioso e, muitas vezes, diagnosticado tardiamente, quando os sintomas se tornam mais evidentes. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima 71 mil novos casos da doença no Brasil, em 2024. Por isso, Cristiano destaca a importância do diagnóstico precoce e da quebra de tabus que cercam o tema. "É importante a gente procurar a ajuda correta, porque são dados extremamente relevantes", afirma Mollo.  

Para o psicólogo, a falta de cuidados preventivos e a resistência a procurar ajuda médica ou psicológica estão entre os principais desafios que os homens enfrentam. “Se a gente olhar para a nossa cultura masculina, os homens não têm uma tendência a se cuidar ou, geralmente, eles não se cuidam. No geral, vemos que os homens morrem muito mais cedo do que as mulheres, e pegam até mais doenças”, reflete. 

O tabu em torno do câncer de próstata é reforçado pela vergonha que muitos homens sentem ao precisar fazer exames preventivos. O estigma social relacionado à masculinidade faz com que muitos se sintam vulneráveis ou “menos homens" ao buscar ajuda. O psicólogo atribui a resistência em cuidar da saúde ao machismo estrutural e à ideia de que ser "forte" significa ignorar suas fragilidades, seja no aspecto emocional ou físico. 

“O que é ser homem? Porque se a gente pensar nessa pergunta, a gente vai ver que no próprio dicionário diz que ser homem tem a ver com ser forte, ser viril. Muitas das vezes, dentro dessas regras, não há os cuidados, para não mostrar fragilidade ou lidar com as emoções. É importante entender que não é o fim do mundo e procurar ajuda, seja ela psicológica ou médica, para que a gente possa procurar uma cura.”, expõe Mollo. 

Saúde mental dos homens

O psicólogo ainda faz uma reflexão sobre o impacto da saúde mental na vida dos homens. A pandemia de COVID-19, por exemplo, agravou ainda mais a resistência dos homens a buscar apoio psicológico, o que acaba refletindo em suas escolhas em relação à saúde física. 

Segundo Mollo, “durante a pandemia, as mulheres foram as que pegaram mais Covid. Isso pode ter uma explicação, porque são elas que estão à frente dos cuidados. Apesar disso, os homens morreram mais de Covid. Nós precisamos entender que nós também somos seres humanos e que nós também carecemos de cuidado. E está tudo bem”, analisa. 

Portanto, o Novembro Azul não deve ser apenas um lembrete sobre o câncer de próstata, mas também um convite para os homens refletirem sobre sua saúde de maneira mais ampla. Quebrar os tabus relacionados à masculinidade e à saúde mental é um passo importante para garantir que mais homens procurem os cuidados que merecem. Como destacou Cristiano Mollo, “a gente não precisa ser super-homem". 

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