Recebendo o mínimo atual, trabalhador gasta 108 horas por mês para adquirir os produtos da cesta básica
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), anunciou no fim de agosto a proposta do governo para o salário mínimo em 2024, estabelecendo-o em R$ 1.421. Caso aprovado, o valor deve começar a ser pago apenas no próximo ano, entrando em vigor em janeiro ou fevereiro. Este valor representa um aumento de R$ 101 em relação ao piso atual, que é de R$ 1.320. Mesmo com aumento, o valor do mínimo está muito aquém para arcar com as despesas necessárias para sustentar de forma digna um brasileiro.
Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em outubro de 2023, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.210,11 ou 4,70 vezes o mínimo vigente de R$ 1.320,00. Em setembro, o valor necessário era de R$ 6.280,93 e correspondeu a 4,76 vezes o piso mínimo. Em outubro de 2022, o mínimo necessário deveria ter ficado em R$ 6.458,86 ou 5,33 vezes o valor vigente na época, que era de R$ 1.212,00. Esse valor diminui em função do atual controle inflacionário. Mas o mínimo é longe de ser necessário para arcar com despesas fundamentais de uma família, como alimentação, moradia, educação, locomoção, saúde e segurança, diz o Dieese em seu estudo.
O preço médio da cesta básica, de acordo com o Dieese, varia nas capitais do país de R$ 521,96 (em Aracaju) a R$ 739,21 (em Porto Alegre), sendo R$ 627.72 em Belo Horizonte. Com base no atual valor do salário mínimo, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica passou de 108 horas e 02 minutos, em setembro, para 107 horas e 17 minutos, em outubro. Em outubro de 2022, a jornada média foi de 119 horas e 37 minutos.
Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 7,5% referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu em média, em outubro de 2023, 52,72% do rendimento líquido para adquirir os produtos alimentícios básicos, e, em setembro, 53,09%. Em outubro de 2022, o percentual ficou em 58,78%.
Fonte: O Tempo