Frigoríficos suspenderam a produção de carne destinada aos Estados Unidos (Foto/Reprodução)
A sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos, anunciada pelo presidente americano Donald Trump, começa a provocar efeitos diretos na economia brasileira. A medida, que deve entrar em vigor em 1º de agosto, levou à suspensão de embarques de pescados, frutas e carnes para evitar perdas.
O setor pesqueiro, que destina cerca de 70% da produção ao mercado americano, anunciou que interromperá as exportações nos próximos dias. Mais de mil toneladas de pescado estão estocadas, com valor estimado em US$ 50 milhões. Representantes da indústria pressionam o governo federal por negociações que adiem a tarifa em pelo menos 90 dias e pedem a reabertura do mercado europeu, fechado ao pescado brasileiro desde 2017.
Na fruticultura, exportadores suspenderam as negociações de manga com os EUA, às vésperas do início da janela de embarques, que vai de agosto a outubro. A manga é a principal fruta in natura vendida pelo Brasil ao mercado americano. A paralisação preocupa produtores do Nordeste, que veem risco de colapso no setor diante do excesso de oferta no mercado interno.
Frigoríficos de Mato Grosso do Sul também suspenderam a produção de carne destinada aos Estados Unidos. Segundo o setor, as exportações que chegarem após a entrada em vigor da sobretaxa poderão se tornar inviáveis. O mercado americano é o segundo maior comprador da carne bovina brasileira, atrás apenas da China. Só no primeiro semestre de 2025, os EUA compraram mais de 181 mil toneladas do produto, gerando receita de US$ 1,04 bilhão.
Em reunião com empresários e ministros, o governo orientou empresas a mobilizarem compradores americanos, mas ainda não há garantias de novas negociações internacionais. A indústria teme demissões, prejuízos milionários e perda de competitividade no comércio global.