ANIMAL SILVESTRE

Tiktoker que criava capivara é multado em R$ 17 mil e deve entregar animal

Multa soma R$ 17 mil; influenciador diz que é acusado por suspeitas de abuso, maus-tratos e exploração contra animais, o que ele nega

O Tempo
Publicado em 20/04/2023 às 10:25Atualizado em 20/04/2023 às 10:30
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Vídeos da capivara viralizaram nas redes sociais (Foto/Reprodução)

O tiktoker Agenor Tupinambá, conhecido por mostrar a rotina com uma capivara, foi multado em mais de R$ 17 mil pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e terá que entregar dois animais silvestres ao instituto.

O influenciador contou que foi até o Ibama após aviso da sua faculdade e foi informado das multas contra ele, que somam mais de R$ 17 mil. Ele mora na cidade de Autazes e cursa agronomia em Manaus.

O tiktoker também diz que foi comunicado das acusações por suspeitas de abuso, maus-tratos e exploração contra animais, além da acusação de matar um animal -o que ele nega.

O jovem contou que ainda foi notificado para excluir todos os vídeos com animais silvestres das redes sociais em até um dia. Na noite de terça-feira (18), os vídeos com os bichos silvestres já não estavam mais disponíveis nas contas do influenciador.

O tiktoker ainda relatou que tem seis dias para entregar a capivara Filó (que aparecia em diversos vídeos) e um papagaio às autoridades. 

Emocionado, ele disse que tem 20 dias para apresentar a sua defesa.
Diversos internautas apoiaram o jovem e disseram ser contrários às punições do órgão. 

Em ofício, o deputado federal Felipe Becari (União-SP) pediu, com urgência, audiência com o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, para evitar a entrega da capivara Filó.

"Também fui notificado para retirar os vídeos que tanto expressam o meu amor e entregar a Filó num centro de tratamento animal, sob a acusação de retirá-la do seu habitat natural. Se tem alguém que mora no habitat natural de alguém sou eu, não os animais. Eu abro a janela e lá estão o rio, a floresta e os animais. Eu que estou de passagem nesse lugar. E escolhi ser um guardião e não um criminoso", declarou Agenor em nota.

IBAMA DIZ QUE 'ANIMAL SILVESTRE NÃO É PET'

À reportagem, o Ibama disse que animais silvestres não são domésticos, como cães e gatos, e que capivara e bicho-preguiça, como mostrado por Agenor nas redes, não podem ser criados ou mantidos em casa, segundo a legislação brasileira.

A punição ao influencer é por "práticas relacionadas à exploração indevida de animais silvestres para a geração de conteúdo em redes sociais" e as multas aplicadas totalizam R$ 17.030.

O caso chegou ao conhecimento do órgão após a morte de um bicho-preguiça que Agenor criava em sua propriedade. O tiktoker alega que fez tudo que podia para salvar o animal.

O Ibama achou um papagaio e uma capivara na residência do rapaz e, segundo o órgão, ele não tinha autorização legal para manter os animais em sua posse.

Além das multas, ele recebeu duas notificações para apagar o conteúdo alusivo à criação de animais silvestres em ambiente doméstico e a entrega do papagaio e da capivara Filó a um centro do Ibama em Manaus.

"É importante salientar que além de ser crime manter animais silvestres irregularmente, a exposição de espécimes silvestres como pets em redes sociais, estimula a procura por esses animais, aquecendo o tráfico de espécies da fauna brasileira. Por mais que se acredite estar ajudando um animal silvestre, dando comida e abrigo, é importante entender que essa atitude pode prejudicá-lo, pois reduz sua capacidade de sobrevivência na natureza. Animais silvestres também podem transmitir doenças graves para os humanos", afirmou o Ibama em nota à reportagem. 

O órgão ainda indica que as pessoas que acharem algum animal silvestre ferido devem acionar o órgão público competente.

"A legislação brasileira não admite a hipótese de regularizar junto aos órgãos ambientais um animal adquirido ou mantido sem autorização. Quem possui animal silvestre em situação irregular pode realizar entrega voluntária ao órgão ambiental competente para evitar penalidades previstas na legislação."

 Fonte: O Tempo

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