Considerado um ícone quando o assunto é Língua Portuguesa, o escritor e professor universitário Décio Bragança, lembra que o Brasil foi o grande beneficiado com a implantação do Acordo Ortográfico. Segundo ele, “apenas” 6 mil palavras foram modificadas em um universo de 200 mil, aproximadamente 0,6%.
“Na realidade, o Acordo veio para privilegiar o nosso português. Em Portugal, por exemplo, mais de 1,6% das palavras foram modificadas. Além disso, muitos já não utilizavam certos acentos e não faziam uso do trema, por exemplo. A grande dificuldade continua sendo o hífen, pois em muitos casos é preciso pesquisar um pouco mais. Mas, de uma forma geral, a mudança foi muito boa, pois facilitou muito. O português é repleto de regras e algumas delas caíram”, explica, dando um exemplo típico. “Poucas pessoas usavam o “c” na palavra contato, por exemplo. Agora ele já não é obrigatório.”
Bragança salienta também que a dificuldade maior se dá para as pessoas já alfabetizadas. “Quem está aprendendo a ler e escrever agora, não terá tanta dificuldade, pois não precisa se readaptar”, reforça, revelando que mesmo com a exigência passando a valer só a partir do próximo ano, a grande maioria dos professores já cobra o uso correto das novas regras aos seus alunos. “Desde 2011 já vínhamos exigindo. Aliás, alguns concursos públicos já cobram isso também. É bom que todos estejam atentos”, completa.
Em relação ao treinamento para professores, Bragança explica que cada um está estudando por conta própria. “Aqui em Uberaba não temos notícia de nenhum curso. Algumas escolas nos convidam para treinar os seus professores. Por outro lado, ainda não vi nenhuma edição do Volp nas escolas da cidade. Ainda assim, para quem tem acesso à internet, basta pesquisar no site da Academia Brasileira de Letras. Lá existe uma versão do Volp”, declara.