Vacina grátis chega a MG e pode reduzir casos de bronquiolite; são 2 atendimentos por hora

Minas Gerais registra, em média, dois atendimentos de bronquiolite por hora: entre janeiro e outubro deste ano foram, ao menos, 14.604 registros em bebês. Entre os microrganismos que podem causar bronquiolite estão principalmente os vírus e algumas bactérias. Dos registros deste ano, 470 recém-nascidos testaram positivo para o vírus sincicial respiratório (VSR), que é o principal causador da bronquiolite em bebês. Para frear a enfermidade, o governo de Minas iniciou, nesta quarta-feira (3/12), a distribuição do primeiro lote gratuito da vacina contra o vírus — que deve ser tomada por grávidas na 28ª semana de gestação para que o bebê já nasça protegido. Os dados foram repassados pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e se referem aos atendimentos individuais e não ao número de casos. O estado recebeu um total de 62.165 doses do Ministério da Saúde, que serão distribuídas para todas as regiões do estado.

O infectologista Leandro Curi explica que a imunidade do bebê ainda está “em construção”, o que torna a vacinação da mãe importante. Os anticorpos chegam ao feto e ajudam a evitar internações e complicações respiratórias nos primeiros meses de vida. “A vacina é aplicada em um período específico da gestação. Os anticorpos produzidos pela mãe são passados para o feto, então o bebê já nasce com essa proteção pronta”, disse.

Ele também destaca que vacinar o recém-nascido não é o ideal porque a imunidade é muito imatura, e esse começo de vida é o período mais delicado. “As internações são mais frequentes nessa faixa etária, e episódios repetidos podem trazer problemas respiratórios até na vida adulta”, afirma.

Para o especialista, incluir essa vacina no pré-natal é essencial, já que amplia a proteção tanto da gestante quanto do bebê. “É importante que as gestantes tenham um calendário vacinal completo, porque além de algumas infecções serem transmitidas na gestação, a imunidade da própria mãe é um pouco mais baixa. Vacinas como a da influenza protegem a mãe. Já a vacina contra o VSR protege especialmente o bebê durante a gestação e no puerpério”, reforça.

O vice-governador Mateus Simões (PSD) participou da entrega dos imunizantes e considerou que a vacinação gratuita é um avanço, já que a bronquiolite é uma das principais causas de internação e mortes em bebês. “É desesperador ver uma criança sem conseguir respirar sozinha, enquanto os médicos só podem oferecer cuidados de conforto até que o quadro melhore. Infelizmente, muitas não conseguem superar esse momento. Além do risco de morte, há risco de sequelas graves por causa da restrição respiratória”, disse Simões. 

Ainda de acordo com o representante do Executivo mineiro, na rede privada, a vacina custa até R$ 1.500. “Isso também mexe muito com a vida financeira das famílias. Imagine a dureza de uma família que vive com um ou dois salários mínimos saber que existe uma vacina de R$1.500 que poderia salvar a vida da criança e não ter condição de pagar. Agora ela estará disponível em todas as 853”, garantiu

Logística de distribuição em BH e no estado 

Mateus Simões detalhou que a logística de distribuição em Belo Horizonte seguirá a lógica das outras cidades. “A entrega é feita a todos os pontos de vacinação. Temos os vacimóveis, mas, como essa vacina é para gestantes, ela costuma ser aplicada nas salas de vacinação dos postos. A logística em BH é mais simples por causa da central de frios (que fica no bairro Gameleira), mas os critérios são iguais”, explicou o vice-governador. 

Sobre o funcionamento da distribuição e estoques, a autoridade explicou que a periodicidade dos envios depende do controle nacional de estoque. “À medida que o nosso estoque diminui, o governo federal envia novas remessas. Mantemos contato contínuo informando a quantidade disponível, e ela vai sendo reposta”, pontuou. 

Fonte: O Tempo