
No momento de registrar o voto, Marcelo Moto Som tirou uma grande quantidade de dinheiro de uma bolsa e colocou sobre a mesa (Foto/Reprodução/YouTube/Câmara Municipal de Mercês)
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) abriu um inquérito para investigar crime de corrupção ativa envolvendo suposta compra de votos para a Mesa Diretora da Câmara Municipal de Mercês, na Zona da Mata. Durante reunião da Casa, o vereador Marcélio Estevam Teixeira (Mobiliza), conhecido como Marcelo Moto Som, denunciou um empresário da cidade por ter oferecido R$ 100 mil para votar no parlamentar da escolha dele, no caso, José Ivânio de Oliveira (Vaninho da Feira - PSD).
A sessão no plenário, realizada no dia 2 de dezembro, foi marcada por confusão por conta das acusações. A reunião era destinada para a eleição da nova Mesa Diretora. No momento de registrar seu voto, Marcelo Moto Som tirou uma grande quantidade de dinheiro de uma bolsa e colocou sobre a mesa. Em sua fala, o vereador se exaltou e disse “não estar à venda”.
“Eu ouvi cada sugestão, eu percebi cada movimento, e compreendi que, se eu não enfrentasse essa escuridão agora, ela dominaria o futuro desta cidade. Então, tomei a decisão mais difícil da minha vida pública: entrei na armadilha para revelar quem arma”, disse o parlamentar.
Conforme Marcelo Moto Som, o empresário acusado de tentativa de compra de voto lhe ofereceu R$ 50 mil em dinheiro e R$ 50 mil em cheque, totalizando R$ 100 mil. A intenção era que o vereador votasse no colega Vaninho da Feira para a presidência da Câmara.
A Mesa Diretora da Casa não era a única coisa em jogo na eleição. Por conta de um processo correndo na Justiça Eleitoral, Mercês está sem prefeito. Logo, a administração municipal está sendo comandada pela presidência da Câmara.
O candidato à prefeito mais votado em 2024, Donizete Calixto (Mobiliza), não chegou a tomar posse porque estava com a situação indeferida com recurso. O Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) indeferiu a candidatura com base na Lei de Inelegibilidade. Atualmente, Calixto tenta reverter a situação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Apesar da confusão durante a sessão no plenário, a votação para a Mesa Diretora de 2026 foi definida. O vereador José Elizio Ribeiro Coelho (PSD), conhecido como Lili do Gás, foi eleito presidente. Consequentemente, ele ficará à frente do Executivo municipal enquanto não houver uma definição na Justiça Eleitoral sobre a situação do candidato mais votado para prefeito.
Após a denúncia de suposta compra de votos, feita por Marcelo Moto Som, a reunião foi encerrada para que a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) fosse acionada. De acordo com o boletim de ocorrência, Marcelo Moto Som afirmou que foi procurado ao longo dos últimos meses por um empresário de 66 anos. O dinheiro teria sido entregue no dia da votação para a Mesa Diretora da Câmara.
À PMMG, o parlamentar disse ter vídeos, mensagens e áudios que comprovariam a suposta tentativa de compra de voto. Os materiais serão apresentados à Polícia Civil, que investiga o caso.
O empresário acusado estaria presente na Câmara no dia da votação, entretanto, teria deixado o local antes da chegada dos militares, de acordo com o boletim policial. O suspeito não foi localizado após a reunião. Já o dinheiro e o cheque apresentados por Marcelo foram apreendidos pela PM.
O Aparte procurou o vereador Vaninho da Feira por meio da Câmara de Mercês para um posicionamento sobre as acusações do colega. A Casa também foi questionada. Tão logo haja um retorno, esta publicação será atualizada. O espaço segue aberto.
Fonte: O Tempo.