TRAGÉDIA

Bebê de um ano morre após ser atendido no Hospital da Criança e liberado para casa

Carlos Paiva
Publicado em 29/11/2023 às 06:26Atualizado em 29/11/2023 às 20:19
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Polícia Militar foi ao Hospital da Criança para o registro do óbito de criança de um ano (Foto/Reprodução/Boca no Trombone)

Polícia Militar foi ao Hospital da Criança para o registro do óbito de criança de um ano (Foto/Reprodução/Boca no Trombone)

Bebê de um ano, um mês e 20 dias morreu após ser atendido e liberado pelo Hospital da Criança. O registro se deu na noite de terça-feira (28), quando a mãe da criança retornou à unidade com a criança já sem vida. O corpo do bebê foi retirado do hospital pelo rabecão e levado para o Instituto Médico Legal (IML), onde foi examinado por médico legista e liberado para velório e sepultamento. A Polícia Militar registrou o caso e o encaminhou à Polícia Civil para instauração de inquérito policial, que vai apurar as circunstâncias que levaram à morte do pequeno.

O Centro de Operações da Polícia Militar (Copom/190) recebeu informações dando conta de que familiares do pequeno Ravi estavam na porta do Hospital da Criança em protesto. No local, policiais militares da 41ª Companhia do 4ºBPM se depararam com vários familiares da criança, mas de forma tranquila, sem indícios de vandalismo ou crime.

De acordo com a mãe do bebê, uma dona de casa de 25 anos, por volta das 10h de terça-feira (28), deslocou-se com seu filho até o Hospital da Criança. Ele apresentava secreção no ouvido, além de diarreia e vômito.

Ainda de acordo com a mãe, o médico plantonista teria relatado todos os sintomas da criança, porém, examinou apenas os ouvidos do bebê e receitou “Cefaloxina”. Após prescrever a receita, o médico teria liberado a criança sem solicitar exames laboratoriais.

A dona de casa relata também, que ao sair do hospital com o pequeno Ravi em seus braços, se dirigiu para casa. Ela ministrou o medicamento por volta das 18h da mesma terça-feira (28). Cerca de 20 minutos após o medicamento ser ministrado, o bebê começou a balançar a cabeça e em seguida ficou com o corpo mole.

Imediatamente, conforme a mãe do pequeno Ravi, vizinhos lhe prestaram apoio, acionando o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) que, a princípio, se prontificou a encaminhar uma ambulância até o local. Alguns minutos após, com a demora da ambulância, ligaram novamente para o Samu e foram informados que o socorro demoraria a chegar. O bebê foi levado novamente para o Hospital da Criança em carro particular.

Já no hospital, segundo a própria mãe, o bebê foi atendido imediatamente e o corpo clínico tentou reanimar a criança, porém, sem sucesso. Ela foi informada do óbito de seu bebê.

Conforme a médica plantonista no Hospital da Criança, no momento em que foi acionada na sala de urgência, por volta das 18h50, se deparou com a criança desacordada, levemente enrijecida, com pupilas bilateralmente midriáticas cianóticas e manchas equimóticas na região cervical posterior.

A médica também disse, que o bebê apresentava ausência de pulso braquial e femoral e ausculta cardíaca ausente. Foi realizado eletrocardiograma às 19h05, sendo constatada ausência de atividade elétrica cardíaca.

Médica diz que quadro da criança não apresentava necessidade de internação

Tito Teixeira

Diretora clínica do Hospital da Criança, a médica pediatra Cláudia Macedo, falou ao Jornal da Manhã sobre o atendimento à criança de um ano, realizado naquela unidade de saúde, na última terça-feira (28). Horas após o procedimento, a criança chegou sem vida ao hospital.

A diretora clínica disse que a criança deu entrada, pela segunda vez no hospital, na terça, às 18h50 e, às 19h15, ela já estava na unidade de saúde. Ainda segunda Cláudia Macedo, a primeira entrada ocorreu às 9h41, quando a mãe do menor descreveu que ele estava com febre e apresentando vômito.

No relatório da triagem, consta que a criança reclamava de dores no ouvido direito e tinha episódios de vômito, mas no hospital não vomitou. Apresentou diarreia frequente. O quadro clínico tinha um histórico de cinco dias, mas estava se alimentando bem.

“A criança chegou ao hospital afebril, com 36,4ºC, saturando 99%, e frequência cardíaca de 98. Passou pelo exame médico, no qual constatou-se uma otite supurada. Diante do quadro, com o paciente afebril, sem vômito e hidratado, não havia indicação para realização de exame. Se estivesse com febre e vomitando, um quadro agudo aí, seria internado e realizados os exames”, disse a diretora clínica.

Sobre o questionamento de familiares, por não ter sido solicitado um hemograma, a médica justificou. “Se foi encontrado um foco infeccioso no ouvido, foi prescrito o medicamento para tratar a infecção”, explicou Cláudia Macedo.

A médica disse que conversou com a mãe da criança, que teria lhe relatado que o menor foi medicado e que brincou durante o dia. “A mãe me relatou que o deixou na sala de casa, enquanto foi olhar outro filho. Quando retornou, a criança já estava diferente. Foi então que acionou o Samu. Mas, ela chegou ao hospital em carro de familiares”, relatou Cláudia Macedo.

Ainda conforme o relato da médica pediatra, quando a criança chegou ao hospital estava se iniciando uma rigidez cadavérica. “A criança já estava em midríase, sem perfusão de extremidades, sem pulso, com equimoses, tanto no tórax quanto na região dorsal. Foi feito eletrocardiograma e verificação de pulso e constatado que a criança não tinha mais vida. Acionamos o Serviço de Verificação de Óbitos, que chegou por volta das 22h20. A criança chegou ao hospital já em óbito”, disse.

Sobre a causa da morte, a médica pediatra disse, que somente após uma perícia é que se tem o resultado. 

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