A Polícia Civil de São Paulo investiga a participação de um empresário de Uberaba em um esquema de receptação de joias roubadas, que teria movimentado valores milionários e atuação em pelo menos três estados. O caso ganhou destaque nacional após reportagem exibida no programa Fantástico, da TV Globo, no último domingo (8).
A quadrilha foi desarticulada em Ribeirão Preto (SP), depois que criminosos invadiram uma residência, renderam uma família e roubaram centenas de joias guardadas em um cofre. Semanas mais tarde, parte das peças foi reconhecida pelas vítimas em exibições do programa televisivo Mil e Uma Noites, especializado na venda de joias.
Na quinta-feira (4), um dos principais suspeitos, conhecido como “Diego Ouro”, foi preso em uma casa de luxo em Ribeirão Preto. Nas redes sociais, ele ostentava viagens internacionais e acessórios de grife, e é apontado pela polícia como peça central no esquema.
Segundo as investigações, o grupo levou cerca de 300 joias e oito relógios Rolex. Entre os itens estava um colar de ouro e diamantes com o símbolo do Espírito Santo, adquirido pela família vítima do crime há mais de 20 anos.
Para reunir provas, os donos compraram oito joias anunciadas no programa de TV e receberam nota fiscal e certificado de garantia. A partir disso, a polícia chegou à sede da empresa responsável pela atração, em Curitiba (PR), onde localizou mais peças roubadas.
Em nota, a direção do programa afirmou que os produtos são consignados por fornecedores “rigorosamente selecionados e cadastrados”. Contudo, não apresentou documentos que comprovassem a origem das joias.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, parte dessas peças teria sido entregue ao programa pelo empresário de Uberaba, que atua na compra e revenda de joias em leilões e mantém relações comerciais com a emissora desde 2006. Em depoimento, ele admitiu ter negociado os itens por R$ 190 mil. A defesa sustenta que, ao suspeitar da origem ilícita, o empresário procurou espontaneamente a polícia e esclareceu que as joias foram adquiridas de Diego de Freitas por R$ 170 mil.
Além de “Diego Ouro”, outro homem foi preso após ser reconhecido pelas vítimas como um dos autores do assalto. Até o fim de semana, ele ainda não tinha advogado constituído.
A família conseguiu recuperar apenas 10% das joias levadas. Para o delegado Diógenes Santiago Netto, as investigações apontam que há outros receptadores envolvidos. “Se existe roubo, é porque existe quem compre”, afirmou.
A promotora de Justiça Ethel Cipele reforçou que a apuração continua. “A quantidade de joias comercializadas é muito grande”, destacou.