Um menino de 8 anos foi vítima de injúria racial durante uma partida da Copa Uberlândia de Futebol Infantil, realizada no clube Vila Olímpica, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, no domingo (9/11), no mês da Consciência Negra. O caso foi registrado pela Polícia Militar como injúria racial consumada e envolveu duas mulheres, de 31 e 38 anos, apontadas como autoras dos ataques.
De acordo com o boletim de ocorrência, a mãe do garoto contou que o filho foi chamado repetidas vezes de “macaco feioso” e “pobre favelado preto” por uma das mulheres enquanto participava do jogo. Os xingamentos se intensificaram no momento em que o menino se preparava para cobrar um pênalti, o que o desestabilizou e o fez perder a cobrança.
A cena causou revolta entre torcedores e familiares que acompanhavam a partida, gerando uma confusão generalizada. Os seguranças do local precisaram intervir para conter os ânimos. Ainda segundo o registro policial, outra torcedora passou a ofender um dos pais das crianças em campo, chamando-o de “macaco favelado” e “pobre da roça”.
As duas suspeitas foram levadas pela Polícia Militar para a delegacia, onde o caso foi encaminhado para a Polícia Civil. Em depoimento, ambas negaram ter cometido racismo e afirmaram que houve apenas uma “discussão acalorada de jogo”.
Em nota, a organização da Copa Uberlândia manifestou “veemente repúdio a todo e qualquer ato de discriminação racial e racismo” ocorrido durante o campeonato.
“Reafirmamos nosso compromisso inabalável com os valores da igualdade, do respeito e da diversidade. O esporte é uma ferramenta poderosa de inclusão social, e jamais será tolerado que ele seja palco para a exclusão e o ataque à dignidade humana”, diz o comunicado.
A organização informou ainda que está à disposição das autoridades para colaborar com as investigações.
Racismo e injúria racial são crimes
A distinção entre racismo e injúria racial está na abrangência da ofensa. O racismo é considerado um crime contra a coletividade, pois atinge um grupo ou comunidade com base em critérios como raça, cor, etnia ou procedência nacional.
Já a injúria racial tem caráter individual, sendo direcionada a uma pessoa específica com o objetivo de atacá-la utilizando elementos raciais. Até janeiro de 2023, a pena para esse crime era menor que a do racismo, mas uma mudança na legislação equiparou as punições.
Com a nova lei, a injúria racial passou a ter pena de reclusão de dois a cinco anos, tornando-se tão grave quanto o crime de racismo.
Fonte: O Tempo