SUL DE MINAS

MG: bebê de 2 meses morreu com 2,9kg e "faminto"; pais estão presos

Recém-nascido deu entrada no hospital sujo de fezes e apresentava sinais de desnutrição extrema: 'criança morreu faminta', disse o delegado

O Tempo
Publicado em 09/03/2023 às 08:17
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 (Foto/IMAGEM ILUSTRATIVA/Reprodução/EBC)

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Seguem presos os pais do bebê de 2 meses que morreu com sinais de desnutrição extrema e maus-tratos em Muzambinho, no Sul de Minas, nessa terça-feira (7). A Polícia Civil informou que a vítima pesava somente 2,9kg (o ideal para a ideade é 4kg). O estado em que o pequeno estava assustou até mesmo o delegado responsável pela investigação. Informações sobre o caso foram divulgadas em coletiva realizada na tarde desta quarta-feira (8).

A equipe médica, responsável pelo atendimento do bebê, foi quem chamou a polícia. O recém-nascido deu entrada na unidade sujo de fezes, conforme relatou o delegado Adnan Cassiano Grava. O aspecto físico foi o que mais provocou espanto. “Quando fui informado da situação, pedi uma foto da criança. Confesso que fiquei assustado. A criança estava raquítica e, realmente, era um quadro de gravidade”.

O peso da vítima foi outro ponto que evidenciou o quadro de desnutrição extrema. “O bebê tinha 2,9kg, sendo que nasceu com 2,6kg. Ganhou poucas gramas, desde então. O ideal seria ter 4kg. A criança morreu faminta”, disse o responsável pela investigação. 

Um familiar, em depoimento, informou que, em uma oportunidade, encontrou a vítima “chorando desesperadamente” de fome. “A pessoa perguntou o motivo da mãe não amamentar o filho e ela disse que não tinha leite, mas também não buscava assistência necessária”, afirmou. 

Equipes da Polícia Civil estiveram na casa dos suspeitos, de 23 e 24 anos, e encontraram latas de cerveja, garrafas de vinho e uma vasilha de leite em pó praticamente vazia. “Chamou a atenção que havia uma bolsa de bebê com roupas, calçados, além de um triturador de maconha e a própria droga. A partir daí autuei o casal em flagrante por abandono de incapaz e maus-tratos. O laudo do IML (Instituto Médico Legal) é aguardado para atestar a causa da morte”.

O comportamento frio dos pais do recém-nascido também foi destacado pelo delegado. “Chegaram chorosos na delegacia, mas nem tanto. A mãe confessou que pretendia doar o filho para alguém de Itapecerica da Serra, em São Paulo. Depois acabou se arrependendo e não disse mais nada”. Uma outra testemunha contou ter passado perto da casa da família, momentos antes dos pais levarem o bebê para o hospital.

“A pessoa passou pela casa, por volta das 7h, e viu a mãe fumando e com uma lata de cerveja na mão. Quer dizer que o filho chorava e só depois disso foi para o hospital. A mãe disse ter feito o pré-natal, mas, informalmente, fomos avisados que isso não procede. Desde o parto, a mãe não voltou com a criança ao médico. Só marcava consultas e não comparecia”, detalhou Grava.

Exames realizados comprovaram que o bebê não foi agredido. “Nenhuma lesão constatada”. Outros dois filhos da mulher, de 3 e 6 anos, foram encontrados pelos policiais. “Aparentemente estão bem e não se assemelham ao quadro dramático do menino que morreu. Um deles tinha ferimento na testa, mas disse que foi provocado por uma queda”.

A mãe do recém-nascido já tinha sido denunciada por maus-tratos, enquanto o pai tem passagem por envolvimento com  tráfico de drogas. “Estão detidos em Alfenas e esperamos concluir nosso trabalho até a próxima semana. Os outros dois filhos da mulher vão ficar sob a responsabilidade do Conselho Tutelar e serão submetidos a exames”, esclareceu o delegado.

A pena para o crime de maus-tratos com resultado morte é de 4 a 12 anos de prisão, enquanto o homicídio de 12 a 30 anos de reclusão. 

Fonte: O Tempo

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