
A ação contou com 100 agentes das forças policiais, segundo informações do delegado Papacidero. (Foto/Dandara Aveiro)
A segunda fase da Operação Olho de Aço, deflagrada nesta terça-feira (2) em Uberaba e no interior de São Paulo, segue com diligências em andamento para localizar ao menos quatro suspeitos que continuam foragidos. A ofensiva, coordenada pelo Gaeco Regional, cumpriu sete dos 11 mandados de prisão expedidos pela Justiça, além de 19 mandados de busca e apreensão, sendo 17 em Uberaba, um em Franca (SP) e outro em Rifaina (SP). A ação, que contou com a participação de 100 agentes de segurança, bloqueou cerca de R$ 2 milhões pertencentes aos investigados, apreendeu armas de fogo e resultou ainda em três prisões em flagrante por receptação.
Durante coletiva, o promotor Renato Teixeira Rezende destacou que a quadrilha vinha atuando de forma “frenética e sistemática” ao longo de 2025, praticando furtos qualificados, roubos majorados, receptação e adulteração de sinais identificadores de veículos automotores. Segundo ele, a organização também é investigada por crimes ligados ao desvio e comércio ilegal de defensivos agrícolas, adulteração e desmanche de veículos, além da venda de peças para outras regiões e estados. Duas das prisões ocorreram dentro da Penitenciária de Uberaba.
“Essa quadrilha tinha todo um apoio logístico e operacional para o desmanche desses veículos, além da própria adulteração dos sinais identificadores e, depois, com a venda de peças ou dos próprios veículos, para outras regiões e até outros estados. Há também indícios do envolvimento da quadrilha com roubos majorados, mediante a graves ameaças e violência, já que se trata de uma quadrilha que utiliza armamento, e tem as suas ramificações, tanto em Minas, quanto fora do estado”, explicou Rezende.
O Ministério Público ainda mencionou que o bloqueio judicial de bens foi adotado para causar impacto financeiro imediato na estrutura da quadrilha, abrindo caminho para aprofundar investigações de lavagem de dinheiro e possíveis sonegações fiscais. “Em relação à Secretaria de Fazenda, foi fundamental inclusive na apreensão de algumas máquinas e cartões de crédito, que estavam em nome de terceiros, e não de empresas, o que pode caracterizar forte indício de sonegação fiscal, que será obviamente objeto de apuração pela parte da própria Receita. Temos que ressaltar também o trabalho desenvolvido pelos vistoriadores, que garantiram o sucesso, inclusive, de desbaratar o local, que foram encontrados elementos probatórios de receptação”, ressaltou.
A operação desta terça mobilizou equipes do Gaeco de Uberaba e Franca, Polícia Militar - incluindo apoio aéreo da aeronave Pegasus e do GPCães -, Polícia Civil, Polícia Penal, auditores fiscais e vistoriadores especializados. O Tenente-Coronel Reginaldo Corrêa ressaltou que não houve intercorrências no cumprimento dos mandados e que o apoio aéreo foi decisivo para apreender armas que teriam sido arremessadas de um imóvel no momento da chegada das equipes.
“Em uma das ocorrências, inclusive, conseguimos apreender as três armas de fogo no momento em que a aeronave estava sobrevoando, e ela filmou justamente a ação, onde foi localizado aquele armamento, que teria sido jogado de uma das residências onde estávamos cumprindo o mandado de busca e apreensão. Então foi um trabalho fundamental da Polícia Militar para que pudéssemos ter esse sucesso na operação”, disse o policial.
Já o delegado Armando Papacidero reforçou que parte dos alvos já era monitorada pela Polícia Civil por envolvimento recorrente em crimes violentos, alguns inclusive contra policiais. Ele classificou a operação como “um golpe importante” contra uma organização que vinha espalhando insegurança na região. Ele informou que, ao todo, 100 agentes das forças de segurança participaram da operação.
A primeira fase da Olho de Aço foi deflagrada em agosto deste ano, quando 17 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Uberaba durante uma operação contra desmanches e comércio clandestino de peças veiculares. Naquele momento, uma pessoa foi presa em flagrante por receptação, e peças de veículos roubados foram apreendidas em galpões utilizados para armazenar e negociar componentes no mercado paralelo.
Os agentes afirmam que as diligências continuarão nos próximos dias para localizar os foragidos, aprofundar as investigações e consolidar provas para o oferecimento das denúncias. “Obviamente as informações serão compartilhadas entre os atores da operação de hoje, para que possam concluir com eficiência suas atividades investigatórias”, destacou o promotor.