
Médica é suspeita de sequestrar bebê em Minas Gerais (Foto/Reprodução/Instagram)
O juiz Dimas Borges de Paula, da 5ª Vara Criminal de Uberlândia, converteu de temporária para preventiva a prisão de Cláudia Soares Alves, a médica que ficou conhecida no ano passado por raptar um bebê e que agora é acusada de ser mandante de um homicídio. A vítima foi uma farmacêutica que chegava para trabalhar em 2020. Conforme a investigação, a médica encomendou a morte da farmacêutica para ficar com a filha dela.
De acordo com a Polícia Civil, a motivação do crime seria passional. A médica mantinha um relacionamento com o ex-marido da farmacêutica, com quem se casou após a separação do casal. O casamento durou apenas dois meses. Segundo o ex-companheiro, ele decidiu se separar ao perceber comportamentos desequilibrados e sinais de transtorno de personalidade na médica, além de um desejo dela de assumir a maternidade da filha que ele tinha com a farmacêutica.
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A vítima, temendo pela segurança da filha, teria proibido o contato da criança com o pai quando ele estivesse acompanhado da médica. Para os investigadores, o crime foi planejado pela mulher após o fim do relacionamento, com o objetivo de retomar o casamento e assumir o papel de mãe da criança. O crime foi executado pelo vizinho da médica, que também segue preso.
No começo de novembro, ambos foram presos em Itumbiara (GO), de forma temporária, quando a detenção tem prazo para acabar. O delegado Eduardo Leal, responsável pelo inquérito, pediu a conversão da prisão temporária em preventiva à Justiça, que é quando os suspeitos ficam presos por tempo indeterminado até a conclusão do inquérito e do processo.
Conforme decisão proferida na última semana e obtida pela reportagem de O TEMPO, o pedido da Polícia Civil se baseou nos indícios de autoria e participação no homicídio, na garantia da ordem pública em face da “gravidade concreta, marcada por premeditação, dissimulação, planejamento antecedente, ocultação de provas e motivação torpe, periculosidade social dos investigados, inclinação à reiteração criminosa e impedir novos delitos”, por conveniência da instrução criminal “para impedir interferência indevida na instrução, evitar intimidações e garantir a higidez da prova” e para assegurar a aplicação da lei penal, por haver “risco real de fuga”.
Na decisão, o magistrado avaliou que as prisões preventivas se mostram necessárias como garantia da ordem pública, tendo em vista a natureza e as circunstâncias do fato, “evidenciando a periculosidade dos seus agentes e, portanto, o risco social gerado por seus estados de liberdade”. “Também, as prisões preventivas dos representados são convenientes para a instrução criminal e para assegurar eventual aplicação da lei penal, pois, em liberdade, podem ocultar outras provas que porventura existirem, além de coagir testemunhas, bem como resguardar o resultado útil do processo, em razão da ausência de comprovação de residência fixa e de vínculo com o distrito da culpa, tornando possível a fuga. Isso posto, acolho a representação da Autoridade Policial, ratificada pelo Ministério Público, e, por conseguinte, converto as prisões temporárias em prisões preventivas”, determinou.
Inicialmente, o filho do vizinho apontado como executor do crime também foi preso, uma vez que a placa da motocicleta usada no crime era dele, mas durante a investigação ele foi solto por falta de provas.
Pessoa fria
O delegado Eduardo Leal, responsável pelo inquérito que apura o homicídio da farmacêutica em Uberlândia, ocorrido em 2020, afirmou ter se assustado com a frieza de Cláudia Soares Alves. Enquanto passava por exame de corpo de delito após ser presa, a mulher cantava a música “Take On Me”, da banda norueguesa a-ha.
“Como delegado, eu digo que em 20 anos de polícia é a pessoa com mais ausência de remorso, mais fria que já interroguei. É uma pessoa que demonstra psicopatia”, afirmou Leal. Segundo ele, a médica também é investigada por tentar comprar bebês de famílias vulneráveis em vários estados. “Tudo o que ela faz, de cometer crimes, ela compra as pessoas”, acrescentou o delegado.
Durante a prisão, os policiais encontraram na casa da mulher um quarto com berço e enxoval de menina. No berço, a médica mantinha um bebê reborn. “A investigada comprou enxoval para bebês e procurou, em outros estados da federação, crianças aptas a serem adotadas ilegalmente por ela, utilizando, nessa última conduta, fraude e aliciando pessoas vulneráveis para entregarem seus recém-nascidos”, informou a Polícia Civil ao concluir o inquérito.
Fonte: O Tempo