A agência alega que a duplicação total da rodovia poderia implicar em aumento no valor do pedágio e impactar negativamente a atividade econômica
Prefeita Elisa Araújo, durante a sessão pública da ANTT, ontem em Brasília, quando cobrou a duplicação total da 262 (Foto/Reprodução)
Não foi animadora a Audiência Pública para colher sugestões e contribuições às minutas de Edital e Contrato, ao Programa de Exploração da Rodovia e aos Estudos de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental, que visa a concessão do lote rodoviário composto pela rodovia BR-262, trecho entre Uberaba e Betim, em uma extensão total de 438,90 quilômetros.
Promovida pela diretoria colegiada da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a duplicação em toda a extensão dos quase 500 quilômetros não foi acolhida pela ANNT em um primeiro momento. A alteração no modelo atual de concessão somente poderá ocorrer se houver forte demanda econômica.
Um grupo de prefeitos da região ligados à Associação dos Municípios da Microrregião do Vale do Rio Grande (Amvale), incluindo a prefeita Elisa Araújo (Solidariedade), esteve em Brasília, onde ocorreu a audiência. Os deputados federais com domicílio em Uberaba, Franco Cartafina (PP) e Aelton Freitas (PL), também compareceram ao evento e fizeram uso da palavra, cobrando obras de duplicação da BR-262, no trecho entre Uberaba e Betim.
O superintendente de Concessões de Infraestrutura na ANTT, Renan Brandão, disse, após a fala dos parlamentares, que a reunião não era meramente protocolar e que a intenção era coletar sugestões para melhorias ao projeto. Ele reforçou que, além do que foi falado no encontro, tudo fosse apresentado de forma escrita e bem detalhada, com todos os pontos de intervenção na rodovia.
Segundo ele, essas considerações são importantes para nova análise do projeto, se haverá necessidade de rever investimentos ou de se fazer novos investimentos. “Podemos construir um projeto muito melhor, com o olhar da sociedade e que atenda às necessidades dos usuários da rodovia e da população lindeira”, frisou.
Porém, sobre a possibilidade de duplicação de todo o trecho, Brandão destacou que a agência tem revisto esse tipo de projeto. “Trabalhamos com uma concepção de projeto muito mais realista. Se em uma época essas duplicações eram justificadas, em alguns casos o crescimento econômico não acompanhou a expectativa local. Se essas duplicações forem incluídas indiscriminadamente, elas inevitavelmente vão impactar muito no valor do pedágio. E esse pedágio mais caro é inibidor de atividade econômica. Terá que ser muito precisa a identificação desses investimentos. Se houver demanda, temos dispositivos no contrato que permitem a revisão para adequar os investimentos à realidade econômica local”, justificou.
A prefeita Elisa Araújo destacou que é preciso que o trecho de quase 500km seja mesmo duplicado. “Queremos a duplicação, e não a construção de faixas adicionais, pois é o que merece esse trecho. Sabemos do volume de veículos que trafegam pela BR-262 e especialmente o escoamento de nossa produção, pois boa parte dessa nossa produção é escoada para São Paulo ou Goiás, ao invés de Minas Gerais, por conta da falta de segurança na rodovia que liga Uberaba à capital do Estado”, destacou Elisa.
Projeto. No projeto da nova concessão da rodovia, a duplicação está prevista para acontecer apenas entre as cidades de Luz e Nova Serrana, num trecho que compreende 44,3 quilômetros.
Conforme o modelo divulgado na consulta pública, a duplicação será de Nova Serrana até o entroncamento com a MG-170, acesso à Moema. O projeto prevê, ainda, que a obra seja executada entre o quinto e sexto ano da concessão.