Sargento Rodrigues pediu que ALMG se reúna ainda em janeiro para que Igor Eto, o coronel Zancanella e o deputado eleito Caporezzo compareçam à Comissão de Segurança Pública
O secretário de Governo de Minas Gerais, Igor Eto (Foto/Guilherme Dardanhan/ALMG)
O deputado estadual Sargento Rodrigues (PL) protocolou nesta segunda-feira (23) pedido para que a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) se reúna de forma extraordinária, ainda em janeiro, para investigar a denúncia de que o secretário de Governo, Igor Eto, teria chantageado um coronel da Polícia Militar.
Segundo o deputado estadual eleito Caporezzo (PL), Eto teria ligado para o coronel Marco Aurélio Zancanela e dito que ele não seria nomeado para chefiar o Estado-Maior da Polícia Militar caso não convencesse o parlamentar a votar no candidato do governo Zema para presidente da ALMG.
Caporezzo fez a denúncia na sexta-feira (20). No sábado, veio à tona um áudio do próprio coronel Zancanela enviado a um grupo de mensagens de oficiais do Alto Comando da corporação em que ele repete a denúncia da tentativa de interferência de Igor Eto.
A ALMG está em recesso parlamentar até 31 de janeiro. Porém, os deputados podem ser convocados em caso de urgência ou de interesse público relevante pelo presidente da Casa, Agostinho Patrus (PSD). É necessário que o pedido de Sargento Rodrigues seja assinado por mais 38 deputados.
“Uma vez convocada a sessão, vai permitir o funcionamento das comissões. Enquanto presidente da Comissão de Segurança Pública, é nosso dever, diante da gravidade dos fatos, da interferência e ingerência direta na eleição do Legislativo pelo secretário de Governo, Igor Eto, nós precisamos convocar o secretário de Governo, o coronel Zancanella e convidar o deputado Caporezzo para esclarecer os fatos. A denúncia é gravíssima”, afirmou o deputado estadual.
De acordo com Caporezzo, Eto ligou para o coronel Zancanela na sexta-feira. “Igor Eto [...] fez contato com coronel falando o seguinte: coronel, ou o senhor convence o deputado Caporezzo a votar no meu candidato para presidência da ALMG, ou o senhor será desonerado (sic). O senhor não vai assumir a nova posição escolhida na Polícia Militar”, disse o parlamentar.
Na última terça-feira (17), o governo Zema anunciou os novos comandantes das forças de segurança de Minas Gerais. Inicialmente, Zancanela chefiaria o Estado Maior da Polícia Militar.
Porém, o governo Zema mudou de ideia e decidiu que o indicado será o coronel Marcelo Ramos de Oliveira. O governo justificou que a troca ocorreu após consulta ao novo comandante-geral da Polícia Militar, Rodrigo Piassi.
No áudio que enviou ao grupo de oficiais do Alto Comando, Zancanela disse que a versão é mentirosa. “Prezados coronéis do Alto Comando da Polícia Militar, aqui é o coronel Zancanela. Passando aqui pra dizer que essa nota do governo é uma mentira, o coronel Piassi hospedar essa nota sabendo que é mentira ao meu ver não é correto”, iniciou ele na gravação.
“Quero dizer que o motivo da minha saída foi decisão unilateral do governador. Essa tarde recebi um telefone do secretário Igor Eto, falando assim 'coronel, o deputado Caporezzo que indicou você pra entrevista, confere?', eu disse que sim, aí ele 'pois é coronel, o deputado traiu a gente, e o deputado declarou apoio para a chapa contrária a chapa do governo na presidência da Assembleia, então, coronel, você avisa o Caporezzo que ele tem 30 minutos para gravar um áudio declarando apoio ao governador se não vamos te tirar da lista", continuou Zancanela.
“Eu virei e falei 'então secretário, pode tirar', ele assustou, 'sério?’ É, pode tirar, eu não vou ficar devendo nada pra deputado, ele só me indicou pra entrevista, não condicionou nada pra eu ficar no cargo. Eu achei que era um processo de entrevista sério, por meritocracia”, narrou o coronel.
O governo de Minas foi procurado, mas ainda não se posicionou.
Fonte: O Tempo