Investigadores apontam inserção de dados falsos em cartão de vacinação para emitir certificado e viajar ao exterior
Jair Bolsonaro é alvo de investigação por suspeita de adulteração de cartão de vacinação (Foto/Marcelo Camargo/Agência Brasil)
A investigação da Polícia Federal deflagrada na manhã desta quarta-feira e que prendeu o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, e fez buscas e apreensões na casa do ex-presidente, apura a inserção de dados falsos no sistema de vacinação operado pelo Ministério da Saúde.
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De acordo com a PF, o grupo teria se associado criminosamente para incluir informações inverídicas sobre a vacinação contra a Covid-19 nos sistemas SI-PNI e RNDS, operados pela pasta. Estão sendo investigadas as inserções falsas nos cartões de Jair Bolsonaro, Laura Bolsonaro, filha de 12 anos do ex-presidente, Mauro Cid, sua esposa e filhos. No caso de Michelle Bolsonaro não há, até o momento, indício de irregularidades em seu próprio cartão.
Segundo a PF, os dados foram incluídos entre novembro de 2021 e dezembro de 2022. Por meio desse artifício, eles teriam "conseguido emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes imposta pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa, no caso, a pandemia de Covid-19".
A estratégia seria não se vacinar para manter o discurso contra a imunização, mas fazer passar como vacinados nos documentos para conseguir viajar sem qualquer restrição.
O caso começou a ser investigado pela Controladoria Geral da União (CGU), em uma ação para decidir se abriria ou não os dados de vacinação do ex-presidente, o que havia sido inicialmente colocado sob sigilo. Em meio a essa apuração, a CGU descobriu que havia registro de vacinação do presidente e que essa imunização não havia sido feita. O registro se deu quando o ex-presidente estava internado em São Paulo e num posto de saúde distante da unidade em que ele estava. Com isso, encaminhou o caso para a Polícia Federal investigar.
A apuração se dá no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura a existência de "milícias digitais" operadas por bolsonaristas. Segundo a PF, serão investigados os crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores.
Fonte: O Tempo