Para a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), este ciclo de aperto monetário vem comprometendo o desempenho da economia real
Brasil tem a maior taxa de juros do mundo (Foto/Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
A manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 13,75% pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) nesta quarta-feira (22) é vista com preocupação por entidades do comércio e indústria de Minas.
Em nota, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) informou que enxerga com preocupação a manutenção da taxa de juros em patamar elevado, considerando que a atividade econômica brasileira vem mostrando claros sinais de desaceleração.
“Entende-se como necessário o debate sobre as elevadas taxas de juros no Brasil, uma vez que esta medida pode dificultar o acesso das empresas a crédito e investimentos, prejudicando o desenvolvimento do país e o bem-estar da população.
Nesse sentido, consideramos relevante a promoção de reformas estruturantes e a apresentação de uma nova âncora fiscal que fomentem o aumento da eficiência dos gastos do governo, a sustentabilidade das contas públicas e o incremento da produtividade. Somente assim a redução das taxas de juros e o crescimento econômico sustentável e duradouro do país serão alcançados.”
Para a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), este ciclo de aperto monetário vem comprometendo o desempenho da economia real, que corresponde às atividades ligadas à geração de riquezas, emprego e renda, e colocando em risco a recuperação do país.
“É a quinta vez que a taxa se mantém neste índice. Compreendemos que é uma estratégia do Banco Central para manter o controle da inflação. Contudo, essa longa estagnação nos expõe a problemas financeiros que podem ser evitados, caso haja o corte dos juros”, afirma o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva.
Segundo o dirigente, a alta taxa de juros pode trazer problemas como crédito mais caro para os lojistas, elevação da inadimplência, impacto negativo na expectativa de empresários e consumidores, e dificuldade na geração de emprego e renda.
“O setor de comércio e serviços espera o fim deste aperto monetário. Há alguns meses falamos que é muito importante que o Banco Central adote um sistema de controle da inflação mais moderno, que leve em consideração o fato de que o Brasil está em desenvolvimento, se recuperando dos efeitos da pandemia. Isso demanda investimentos públicos em infraestrutura, saúde, educação e crédito. Ainda que a intenção do aperto monetário seja conter a inflação, a longo prazo poderá comprometer o crescimento da atividade econômica”, finaliza o presidente da CDL/BH.
A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) entende que o Banco Central precisa reduzir a taxa Selic. "Os juros altos são entraves ao desenvolvimento econômico do Brasil e podem prejudicar a geração futura de emprego", divulgou em nota.
Segundo a ABRAINC, os financiamentos habitacionais de médio e alto padrão são os mais impactados com a Selic.
"A ABRAINC lembra que a construção responde no Brasil por 7% do Produto Interno Bruto (PIB), 9% da arrecadação de impostos e 10% dos empregos gerados, sendo assim, necessita de financiamento de longo prazo a juros baixos para viabilizar seu crescimento", ressaltou no comunicado.
Segundo uma pesquisa divulgada em fevereiro pela MoneYou e a Infinity Asset Management, o Brasil é o país com a maior taxa de juros reais - descontada a inflação.
Fonte: O Tempo