A venda de um imóvel em Ituiutaba, no Triângulo Mineiro, passou a integrar a polêmica que envolve o líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ). Segundo destacou o portal de notícias UAI, o parlamentar afirma que a negociação do imóvel explicaria a origem dos R$470 mil em dinheiro vivo, encontrados em seu apartamento funcional, em Brasília, no último dia 18.
O montante foi localizado dentro de um saco preto durante a Operação Galho Fraco, deflagrada pela Polícia Federal (PF) para apurar suspeitas de desvio de recursos provenientes de cotas parlamentares. O deputado figura entre os investigados na operação.
De acordo com Sóstenes Cavalcante, a casa foi adquirida em 2023 no município de Ituiutaba e declarada no Imposto de Renda de 2024. Em vídeo publicado em suas redes sociais na quarta-feira (24), o parlamentar afirmou que o imóvel foi reformado e vendido posteriormente, justificando, assim, a posse do dinheiro em espécie. “Está tudo conforme manda a lei, nada ilegal. Porque quem não deve, não teme”, declarou.
Na gravação, o deputado exibiu parte de uma escritura de compra e venda registrada no 3º Tabelionato de Notas de Ituiutaba, além de um trecho de sua declaração de Imposto de Renda. Ele também mostrou um anúncio do imóvel, que teria sido ofertado inicialmente por R$690 mil, mas afirmou ter aceitado uma proposta de R$500 mil, paga à vista e em dinheiro. Cavalcante atribuiu a venda abaixo do valor anunciado ao atual cenário econômico, responsabilizando o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O imóvel citado estaria localizado na avenida 29, nº 1.661, no centro de Ituiutaba. Segundo o parlamentar, os documentos apresentados comprovariam que a propriedade foi devidamente declarada à Receita Federal e posteriormente vendida. No entanto, especialistas ressaltam que a escritura de compra e venda, embora seja um documento público que formaliza a negociação, não comprova a efetiva transferência do imóvel, que somente ocorre após o registro no cartório de imóveis.
Outro ponto que chamou atenção foi a omissão, na escritura apresentada, do nome de todos os proprietários do imóvel. Apenas um nome aparece de forma legível: Mivane Maria de Menezes Belchior. Os demais foram ocultados com tarjas pretas. Mivane é moradora de Ituiutaba e casada com o contador e advogado Gemides Belchior, ex-vereador no município e atual presidente do Manchester Esporte Clube, equipe de futebol amador da cidade. Ambos não foram localizados pela reportagem para comentar a negociação.
No vídeo divulgado, Sóstenes Cavalcante afirmou ainda que, após os esclarecimentos junto à Polícia Federal e ao ministro Flávio Dino, o dinheiro será devolvido. O parlamentar classificou a operação como uma perseguição política e disse que irá apresentar todos os detalhes do caso assim que houver autorização de seus advogados.