Declarações de Lula ocorreram durante visita ao assentamento Quilombo Campo Grande, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (Foto/Reprodução/Canal Lula)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) volta a Minas Gerais nesta terça-feira (11 de março), quatro dias após visitar o estado para o lançamento de um pacote de medidas para implementação da reforma agrária no país ao lado de lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST).
Desta vez, Lula se encontrará com empresários dos setores automotivo e siderúrgico. Pela manhã, o presidente participará da inauguração do centro de desenvolvimento de produtos de mobilidade híbrida-flex no Polo Automotivo Stellantis em Betim, na Grande Belo Horizonte.
O novo centro é o maior da América Latina e será responsável pelo desenvolvimento de motores a combustão de alta eficiência, além de tecnologias de eletrificação e alta voltagem, conforme informações do governo federal.
À tarde, Lula irá a Ouro Branco, na Região Central de Minas, para participar de ato na Gerdau, a maior produtora de aço do país, que vai expandir a capacidade de sua planta no município.
A visita do presidente a dois dos maiores grupos econômicos do país acontece após o presidente ter dito, durante a vinda ao estado na sexta-feira, que a sua eleição se deve à militância, e não a empresários, declaração dada durante discurso em assentamento do MST em Campo do Meio, região Sul de Minas Gerais, onde esteve.
A declaração e a segunda viagem do presidente ao estado num período de quatro dias ocorrem em um momento de baixa popularidade do presidente, em estratégia que, ao contrário do que poderia parecer inicialmente -logo após o ato em Campo do Meio, e antes de que fosse conhecida a agenda com empresários em Minas nesta terça- poderia ser interpretado como afago para um só lado.
Segundo o presidente do PT em Minas Gerais, deputado estadual Cristiano Silveira (PT), Lula vai dialogar com "todo mundo". "Está fazendo o que mais gosta de fazer, que é viajar, encontrar com as pessoas. E mostra também que vai dialogar com todo mundo. O que sempre digo é o seguinte: o melhor projeto de comunicação do presidente Lula é o próprio Lula", disse o dirigente, sobre a relação de Lula com suas bases, empresários e as viagens recentes do presidente ao estado.
Outro parlamentar filiado ao partido, o deputado federal Rogério Correia, afirmou que a nova visita de Lula a Minas faz parte de processo de reindustrialização do país. "O presidente disse que este ano será de entregas. O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro (do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) deu uma aquecida muito grande na indústria. É só olhar o PIB (Produto Interno Bruto). Essas visitas são no sentido de mostrar o programa de reindustrialização do Brasil", afirmou o deputado.
Pé em Minas
Lula já tem no radar pelo menos outras três viagens a Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país, atrás apenas de São Paulo. A próxima poderá ser nos 100 dias das obras de duplicação BR-381, que tiveram início em 6 de fevereiro. Na data, o presidente não veio ao estado. O anúncio do começo dos trabalhos ocorreu em Belo Oriente, Região Leste do estado, com a presença de dois ministros: Renan Filho (MDB), dos Transportes, Alexandre Silveira (PSD), das Minas e Energia.
As outras duas possíveis vindas do presidente ainda dependem de acertos entre o governo federal e a Prefeitura de Belo Horizonte. Uma se refere ao Anel Rodoviário, administrado pelo governo federal, e que deverá ser repassado ao governo municipal. A outra é a destinação do Aeroporto Carlos Prates para a construção de habitações populares, escolas e unidades de saúde. O terreno já foi repassado para o município, mas falta definição sobre aplicação de recursos para as obras.
Fonte: O Tempo