Paulo Piau (PMDB) não faz mistério sobre a insatisfação do seu partido e de outros da base aliada da presidente Dilma
Eleito para seu segundo mandato de deputado federal, Paulo Piau (PMDB) não faz mistério sobre a insatisfação do seu partido e de outros da base aliada da presidente Dilma Rousseff (PT), em relação ao que chamou de “fúria petista” pela ocupação de cargos no governo. O peemedebista prevê até mesmo dificuldade para o Partido dos Trabalhadores referendar e eleição de Marco Maia para a presidência da Câmara, em que pese pelo menos onze legendas terem declarado apoio ao nome do parlamentar.
Piau lembra do “efeito Severino” para justificar seu posicionamento. Em 2005, o então deputado federal Severino Cavalcanti – representando o chamado baixo clero na Casa – foi eleito presidente ao se aproveitar de um racha na base aliada, contando, inclusive, com o apoio da oposição. Meses depois estouraria o escândalo do mensalinho, quando o dirigente foi flagrado em um esquema de cobrança de mesada para permitir o funcionamento do restaurante da Câmara. Ele acabou renunciando ao mandato.
“Queremos que o candidato oficial ganhe a eleição, é importante, principalmente para priorizar as reformas”, destaca Paulo Piau, ponderando, no entanto, que é preciso haver jogo de cintura junto à base aliada. A se permanecer esse quadro, o parlamentar vê até mesmo dificuldades para Dilma junto ao Congresso, a exemplo do que aconteceu com Fernando Collor, o primeiro presidente eleito pelo voto direto, após o fim do regime militar, em 1989.
Para Piau, é fundamental acertar a composição de forças entre os partidos da base aliada e dar uma “balanceada” no PT, porque não é apenas o PMDB quem está insatisfeito. Aliás, o peemedebista defende que, além de competência, Dilma seja muito bem assessorada para manter um relacionamento pacífico com o Congresso e não permitir que seu partido domine tudo.
Ainda na opinião de Piau, outros temas que devem interferir nessa relação são a votação da PEC-300 – que cria o piso nacional dos policiais civis, bombeiros e militares – e o Código Florestal, além da não liberação das emendas da base, empenhadas desde o ano passado.