ECONOMIA

Promessa do Gasoduto ressurge às vésperas dos 203 anos de Uberaba

Gisele Barcelos
Publicado em 02/03/2023 às 12:49
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(Foto/Reprodução)

Com novas perspectivas políticas e econômicas no Brasil, articulações para viabilizar a chegada do gasoduto a Uberaba e região foram retomadas às vésperas do aniversário de 203 anos da cidade. O empreendimento pode ser a virada de chave para a industrialização e desenvolvimento no município, o que explica a insistentes tentativas das lideranças locais para consolidar o projeto há mais de 10 anos.

No comando da Aciu (Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Uberaba), o empresário Anderson Cadima avalia toda a região no mundo onde há disponibilidade do gás como matriz energética se desenvolve de maneira expressiva.
O dirigente classista ressalta que o benefício com a implantação do duto até Uberaba é duplo, já que o gás é um insumo energético para modernizar a produção das indústrias já instaladas em Uberaba e também um atrativo para sair na frente na conquista de novos e grandes investimentos para o município. 

A introdução de gás natural pode, por exemplo, diminuir o custo operacional na indústria com manutenção de máquinas, transporte e armazenamento de combustível. Além disso, por ser utilizado como combustível para fornecimento de calor, o gás natural é matéria-prima para o setor químico, plástico, farmacêutico, têxtil, metalúrgico, cerâmico, entre outros. 

Embora o gasoduto sozinho já represente um avanço para o desenvolvimento industrial, Cadima explica que o projeto precisa ser trabalhado junto com outros empreendimentos maiores para garantir um preço competitivo às empresas da região. “Só o gasoduto, não acredito que o valor final do gás seria viável porque o consumo seria menor e o custo ficaria alto. Por isso, a térmica ou a planta de amônia, que são grandes consumidoras de gás, estão sendo discutidas em conjunto”, destaca.

Dentro desse contexto, uma frente de trabalho já foi criada com representantes do setor industrial e também do governo federal para desenvolver uma proposta destinada à interiorização do mercado de gás natural no país, ancorada no desenvolvimento das indústrias de fertilizante e química. 

Com o nome de Coalizão pela Competitividade do Gás Natural Matéria-Prima, o grupo está focado em discutir o preço para viabilizar projetos industriais; a disponibilidade do energético; e a expansão da malha de gasodutos.

Integrante da coalizão, o ex-prefeito Anderson Adauto afirma que as recentes mudanças no cenário político e econômico permitiram reacender o debate referente ao gasoduto para suprir o Triângulo Mineiro. Ele pondera que a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, deflagrada no fim do ano passado, trouxe à tona para a população em geral a dependência brasileira quanto à importação de amônia e ureia para produção de fertilizantes, inclusive evidenciando os riscos da situação para o agronegócio nacional. “Um país que quer ser celeiro do mundo não tem como ter dependência de insumos agrícolas como nós temos. Isso é um perigo”, salienta.

Sendo assim, o ex-prefeito afirma que foi aberto o caminho para se voltar a discutir a instalação de uma fábrica de amônia em Uberaba e o empreendimento caminha junto à implantação do gasoduto, pois o gás é matéria-prima para a produção dos fertilizantes nitrogenados. 

Adauto, que enquanto prefeito participou ativamente do processo para tentar viabilizar o gasoduto no passado, acredita que as chances são reais para concretizar o duto e a fábrica de amônia. “Acredito porque o país tem que diminuir a dependência de importação de fertilizantes e temos um governo federal consciente que precisa de uma política de estado para fazer isso acontecer para dar suporte à agricultura brasileira”, defende.

Para entender a história do Gasoduto 

O Gasoduto do Brasil Central foi originalmente concebido no final da década de 1990 como uma extensão do Gasbol, projetado para transportar gás natural boliviano importado do pólo em São Carlos para Brasília. 

A TGBC, empresa responsável pelo projeto, começou a buscar licenças para o gasoduto em 2008 e o órgão ambiental brasileiro IBAMA emitiu uma licença ambiental para o projeto em 2013. A proposta original previa um gasoduto com 14 polegadas de diâmetro e capacidade para transportar 3,75 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia.

O projeto inicial da TGBC previa a implantação de 905 quilômetros de duto a partir da Estação de Compressão de São Carlos (SP) até o ponto de entrega do Recanto das Emas (DF), passando por 37 municípios para interligar a região Sudeste e Centro-Oeste. Na proposta, está especificada a construção de sete pontos de entrega do gás, entre eles nas cidades de Uberaba e Uberlândia. 

Porém, um relatório do Ministério de Minas e Energia apresentado em outubro de 2019 revelou mudanças nas especificações do gasoduto. O documento aponta que o comprimento do ramal poderia ser encurtado de 905 km para 893 km, movendo o terminal norte de Recanto das Emas para Ceilândia. Além disso, haveria um aumento do diâmetro do duto para expandir a capacidade de 3,75 para 7,4 milhões de metros cúbicos por dia. 

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