ARTICULAÇÕES E COSTURAS

Quem são os políticos cotados para concorrer às duas vagas de Minas Gerais no Senado em 2026?

Em outubro do próximo ano, os mineiros irão às urnas para escolher dois senadores por Minas Gerais; atualmente, pelo menos nove nomes são lembrados para a disputa

Lara Alves/O Tempo
Publicado em 12/03/2025 às 11:36
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Carlos Viana (Podemos-MG) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) têm mandatos próximos do término; fim abrirá duas vagas de Minas Gerais no Senado em 2026 (Foto/Marcos Oliveira/Agência Senado)

Carlos Viana (Podemos-MG) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) têm mandatos próximos do término; fim abrirá duas vagas de Minas Gerais no Senado em 2026 (Foto/Marcos Oliveira/Agência Senado)

Com os mandatos de Carlos Viana (Podemos-MG) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) perto do fim, os partidos iniciam as articulações internas para definir os nomes que disputarão as duas cadeiras do Senado Federal destinadas a Minas Gerais em 2026.

A terceira pertence à chapa de Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG) até 2030 - ele, aliás, é cotado para concorrer ao governo estadual no próximo pleito. 

A perspectiva é que as siglas decidam os rumos que seguirão nas eleições a partir de agosto; permanecem, até lá, abertas as mesas de negociação, e os interessados mantêm atenção aos trackings, que indicarão os favoritos no boca-a-boca. 

Carlos Viana e Rodrigo Pacheco

Pela legislação eleitoral, Viana e Pacheco têm direito a disputar a reeleição para um segundo mandato de oito anos. Até então, Viana não havia declarado publicamente sua intenção de permanecer no Senado. No entanto, nesta terça-feira (11), confirmou a O TEMPO que buscará a reeleição.

Aliados dele no Congresso Nacional e em Minas Gerais têm abordado a possibilidade, e até uma troca de partido não é descartada pelo grupo. Atraído para o Podemos de Renata Abreu há menos de dois anos, Viana acumula passagens por PL, MDB, PSD e PHS em seus sete anos de mandato em Brasília.

Já o futuro de Rodrigo Pacheco parece distante de Brasília. Interlocutores, correligionários e pessoas próximas a ele apostam que o ex-presidente do Senado não sairá candidato à reeleição, mas sim ao governo de Minas Gerais como cabeça de uma frente ampla costurada com legendas do Centrão. 

A aliança também é disputada por uma ala do PT, que inclui o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista, aliás, tem declarado abertamente desde o ano passado seu desejo de que Pacheco seja seu candidato ao governo do Estado na próxima eleição. Isso, inclusive, gera ciúmes dentro do partido de esquerda.

A atuação de Pacheco enquanto presidente do Congresso Nacional por dois mandatos e o bom trânsito com o Palácio do Planalto o credencia como a opção favorita dos petistas e de partidos de centro para concorrer ao Palácio Tiradentes. Hoje, despontam como seus principais adversários Cleitinho e o vice-governador Mateus Simões (Novo).

Quem são os cotados para o Senado em 2026?

O cenário político em Minas Gerais e o protagonismo dos mineiros na Câmara dos Deputados e na Esplanada dos Ministérios têm fortalecido algumas figuras como as principais opções dentro de seus partidos. A maioria dos parlamentares ouvidos pela reportagem admite o desejo de disputar uma vaga no Senado, mas deixa a decisão nas mãos de suas siglas. 

Marcelo Aro

Uma análise detalhada aponta dois nomes com candidaturas praticamente definidas. O primeiro é Marcelo Aro, figura com trânsito recorrente no Congresso e aliado de primeira hora de Romeu Zema (Novo) no governo de Minas Gerais. Recém-empossado como secretário de Governo, ele também passou pela Casa Civil do Palácio da Liberdade.

Internamente, correligionários e articuladores discutem como construir uma candidatura sólida que garanta a vitória de Marcelo Aro — o que eles têm dito nos bastidores é que há um grupo inteiramente dedicado à eleição do secretário de Zema.

Procurado, ele não hesita quando é questionado sobre as intenções eleitorais. Crítico à atuação do Supremo Tribunal Federal (STF), Aro avalia que concorrer ao Senado é um gesto natural em um "momento fundamental para o tabuleiro da democracia".

O secretário estadual evita indicar quais alianças interessam ao núcleo, e sobre as costuras para 2026, se restringe a dizer que é hora de manter as atenções dedicadas à gestão do Executivo: "Está muito longe ainda. O que tenho hoje é trabalhar pelo governo. Se Minas Gerais der certo, eu largo na frente".

Euclydes Pettersen

Condição parecida é a que se encontra o deputado federal Euclydes Pettersen, presidente do Republicanos em Minas Gerais. O político é um dos principais articuladores da sigla em forte ascensão com a presidência da Câmara dos Deputados, hoje com Hugo Motta (Republicanos-PB).

Prestes a pedir licença do cargo, Euclydes é a aposta do partido como senador em 2026. A legenda calcula perder uma de suas quatro cadeiras com uma eventual eleição de Cleitinho para ocupar o cargo hoje pertencente a Zema; o desejo é recuperá-la na mesma tacada, garantindo Euclydes no Senado.

Aécio Neves e Paulo Abi-Ackel

Possibilidades de fusão e federação com partidos do Centrão atravessam o diretório nacional do PSDB nesse ano que antecede a eleição. As negociações, no entanto, não impedem a sigla de analisar se uma candidatura própria é factível, e as discussões nesse sentido se intensificarão ainda neste primeiro semestre de 2025.

Hoje, dois tucanos despontam no ambiente interno do legenda: Aécio Neves e Paulo Abi-Ackel. À primeira vista, a avaliação de correligionários é que a prerrogativa de concorrer ao Senado é de Aécio Neves — eleito com votação recorde em 2010, quando recebeu 7,5 milhões de votos. 

Abi-Ackel também é tratado como uma opção no ninho tucano, e aliados avaliam que a atuação dele, enquanto deputado na Câmara, o credencia como um nome para disputar a cadeira. Fato é que o PSDB optando por uma candidatura própria, se decidirá por um deles.

Domingos Sávio e Eros Biondini

A grande prioridade do PL de Jair Bolsonaro em 2026 é expandir a bancada da direita no Senado, hoje com 14 nomes eleitos.Internamente, a sigla analisa os nomes que se mostraram interessados em disputar o pleito: os deputados Domingos Sávio e Eros Biondini.

A intenção da legenda, no entanto, é lançar apenas um nome na disputa, apesar de Minas Gerais ter duas cadeiras disponíveis na próxima eleição. A avaliação interna é construir uma aliança ampla com o Centrão e os partidos de centro-direita, tanto para o Senado quanto para a disputa pelo governo de Minas Gerais.

Publicamente, Sávio e Biondini agem com cordialidade em relação à decisão que o PL tomará. Nos próximos meses, os nomes  deles serão testados nos trackings — pesquisas de opinião encomendadas pelos partidos para avaliar o interesse dos eleitores nos possíveis candidatos.

Internamente, membros da bancada avaliam que o presidente da sigla em Minas, Domingos, pode despontar melhor nesses levantamentos que Biondini.  A análise é que a relação dele com prefeitos e com o agronegócio pode impulsionar a candidatura. 

Eros Biondini reúne, entretanto, o apoio das bancadas católica e evangélica, que contribuíram para engrossar a base eleitoral dele. O que é dado como certo também nessa costura é que a opinião de Jair Bolsonaro será decisiva para a definição de quem concorrerá pelo PL ao Senado. 

Além disso, Nikolas Ferreira (PL-MG) é, hoje, figura descartada no baralho. Em primeiro lugar, o deputado não alcançou, ainda, a idade mínima de 35 anos para concorrer ao cargo. Depois, a bancada nacional do PL avalia que é importante para o partido manter Nikolas na Câmara dos Deputados para um segundo mandato.

Reginaldo Lopes

O cálculo político do núcleo do PT que articula uma candidatura para o governo de Minas Gerais em 2026 inclui um nome do partido para concorrer a uma das duas cadeiras no Senado. A intenção é que a outra seja entregue a um nome mais próximo do centro, com quem a legenda avalia construir uma aliança.

Um dos nomes lembrados é o do deputado Reginaldo Lopes (PT), que já planejou concorrer ao cargo nas eleições anteriores. Em 2018, atendendo a um pedido de Lula, ele cedeu para que Dilma Rousseff (PT) disputasse. Em 2022, também a pedido do presidente, abriu espaço para o PT apoiar Alexandre Silveira, hoje ministro de Minas e Energia.

Reginaldo não esconde o desejo de ir ao Senado, mas a avaliação é de que será necessária uma articulação ampla nos âmbitos estadual e nacional pela reeleição do presidente Lula e para o partido chegar ao Palácio Tiradentes — com Rodrigo Pacheco pelo PSD.

Do contrário, a tendência é que Reginaldo concorra novamente à Câmara dos Deputados, principalmente impulsionado pela presença em projetos de grande projeção. No ano passado, ele foi um dos relatores da reforma tributária; neste ano, deve ser designado relator do projeto de Pacheco para criar um marco regulatório da Inteligência Artificial no país.

Duda Salabert

Outra opção que surge corriqueiramente nesse espectro político é a deputada Duda Salabert (PDT-MG). Recém-saída da corrida pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), ela promete concentrar esforços nas "demandas do mandato como deputada" em 2025 e 2026. 

A disputa não seria novidade para Duda. Em 2018, ela foi a primeira mulher trans a se candidatar ao Senado por Minas Gerais, obtendo 1,99% dos votos. Nas eleições seguintes, em 2020, foi eleita vereadora de Belo Horizonte, com o maior número de votos da história da cidade na época, 11,9%. Já em 2022 foi eleita deputada federal.

Veja abaixo os principais nomes cotados para concorrer ao Senado por Minas Gerais em 2026:

  • Aécio Neves, deputado federal (PSDB);
  • Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia (PSD);
  • Carlos Viana, senador (Podemos);
  • Domingos Sávio, deputado federal e presidente do PL em Minas;
  • Eros Biondini, deputado federal (PL);
  • Euclydes Pettersen, deputado federal e presidente do Republicanos em Minas;
  • Marcelo Aro (PP), secretário de governo de Romeu Zema;
  • Paulo Abi-Ackel, deputado federal (PSDB);
  • Reginaldo Lopes (PT), deputado federal.

Fonte: O Tempo

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