Em outubro do próximo ano, os mineiros irão às urnas para escolher dois senadores por Minas Gerais; atualmente, pelo menos nove nomes são lembrados para a disputa
Carlos Viana (Podemos-MG) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) têm mandatos próximos do término; fim abrirá duas vagas de Minas Gerais no Senado em 2026 (Foto/Marcos Oliveira/Agência Senado)
Com os mandatos de Carlos Viana (Podemos-MG) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) perto do fim, os partidos iniciam as articulações internas para definir os nomes que disputarão as duas cadeiras do Senado Federal destinadas a Minas Gerais em 2026.
A terceira pertence à chapa de Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG) até 2030 - ele, aliás, é cotado para concorrer ao governo estadual no próximo pleito.
A perspectiva é que as siglas decidam os rumos que seguirão nas eleições a partir de agosto; permanecem, até lá, abertas as mesas de negociação, e os interessados mantêm atenção aos trackings, que indicarão os favoritos no boca-a-boca.
Carlos Viana e Rodrigo Pacheco
Pela legislação eleitoral, Viana e Pacheco têm direito a disputar a reeleição para um segundo mandato de oito anos. Até então, Viana não havia declarado publicamente sua intenção de permanecer no Senado. No entanto, nesta terça-feira (11), confirmou a O TEMPO que buscará a reeleição.
Aliados dele no Congresso Nacional e em Minas Gerais têm abordado a possibilidade, e até uma troca de partido não é descartada pelo grupo. Atraído para o Podemos de Renata Abreu há menos de dois anos, Viana acumula passagens por PL, MDB, PSD e PHS em seus sete anos de mandato em Brasília.
Já o futuro de Rodrigo Pacheco parece distante de Brasília. Interlocutores, correligionários e pessoas próximas a ele apostam que o ex-presidente do Senado não sairá candidato à reeleição, mas sim ao governo de Minas Gerais como cabeça de uma frente ampla costurada com legendas do Centrão.
A aliança também é disputada por uma ala do PT, que inclui o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista, aliás, tem declarado abertamente desde o ano passado seu desejo de que Pacheco seja seu candidato ao governo do Estado na próxima eleição. Isso, inclusive, gera ciúmes dentro do partido de esquerda.
A atuação de Pacheco enquanto presidente do Congresso Nacional por dois mandatos e o bom trânsito com o Palácio do Planalto o credencia como a opção favorita dos petistas e de partidos de centro para concorrer ao Palácio Tiradentes. Hoje, despontam como seus principais adversários Cleitinho e o vice-governador Mateus Simões (Novo).
Quem são os cotados para o Senado em 2026?
O cenário político em Minas Gerais e o protagonismo dos mineiros na Câmara dos Deputados e na Esplanada dos Ministérios têm fortalecido algumas figuras como as principais opções dentro de seus partidos. A maioria dos parlamentares ouvidos pela reportagem admite o desejo de disputar uma vaga no Senado, mas deixa a decisão nas mãos de suas siglas.
Marcelo Aro
Uma análise detalhada aponta dois nomes com candidaturas praticamente definidas. O primeiro é Marcelo Aro, figura com trânsito recorrente no Congresso e aliado de primeira hora de Romeu Zema (Novo) no governo de Minas Gerais. Recém-empossado como secretário de Governo, ele também passou pela Casa Civil do Palácio da Liberdade.
Internamente, correligionários e articuladores discutem como construir uma candidatura sólida que garanta a vitória de Marcelo Aro — o que eles têm dito nos bastidores é que há um grupo inteiramente dedicado à eleição do secretário de Zema.
Procurado, ele não hesita quando é questionado sobre as intenções eleitorais. Crítico à atuação do Supremo Tribunal Federal (STF), Aro avalia que concorrer ao Senado é um gesto natural em um "momento fundamental para o tabuleiro da democracia".
O secretário estadual evita indicar quais alianças interessam ao núcleo, e sobre as costuras para 2026, se restringe a dizer que é hora de manter as atenções dedicadas à gestão do Executivo: "Está muito longe ainda. O que tenho hoje é trabalhar pelo governo. Se Minas Gerais der certo, eu largo na frente".
Euclydes Pettersen
Condição parecida é a que se encontra o deputado federal Euclydes Pettersen, presidente do Republicanos em Minas Gerais. O político é um dos principais articuladores da sigla em forte ascensão com a presidência da Câmara dos Deputados, hoje com Hugo Motta (Republicanos-PB).
Prestes a pedir licença do cargo, Euclydes é a aposta do partido como senador em 2026. A legenda calcula perder uma de suas quatro cadeiras com uma eventual eleição de Cleitinho para ocupar o cargo hoje pertencente a Zema; o desejo é recuperá-la na mesma tacada, garantindo Euclydes no Senado.
Aécio Neves e Paulo Abi-Ackel
Possibilidades de fusão e federação com partidos do Centrão atravessam o diretório nacional do PSDB nesse ano que antecede a eleição. As negociações, no entanto, não impedem a sigla de analisar se uma candidatura própria é factível, e as discussões nesse sentido se intensificarão ainda neste primeiro semestre de 2025.
Hoje, dois tucanos despontam no ambiente interno do legenda: Aécio Neves e Paulo Abi-Ackel. À primeira vista, a avaliação de correligionários é que a prerrogativa de concorrer ao Senado é de Aécio Neves — eleito com votação recorde em 2010, quando recebeu 7,5 milhões de votos.
Abi-Ackel também é tratado como uma opção no ninho tucano, e aliados avaliam que a atuação dele, enquanto deputado na Câmara, o credencia como um nome para disputar a cadeira. Fato é que o PSDB optando por uma candidatura própria, se decidirá por um deles.
Domingos Sávio e Eros Biondini
A grande prioridade do PL de Jair Bolsonaro em 2026 é expandir a bancada da direita no Senado, hoje com 14 nomes eleitos.Internamente, a sigla analisa os nomes que se mostraram interessados em disputar o pleito: os deputados Domingos Sávio e Eros Biondini.
A intenção da legenda, no entanto, é lançar apenas um nome na disputa, apesar de Minas Gerais ter duas cadeiras disponíveis na próxima eleição. A avaliação interna é construir uma aliança ampla com o Centrão e os partidos de centro-direita, tanto para o Senado quanto para a disputa pelo governo de Minas Gerais.
Publicamente, Sávio e Biondini agem com cordialidade em relação à decisão que o PL tomará. Nos próximos meses, os nomes deles serão testados nos trackings — pesquisas de opinião encomendadas pelos partidos para avaliar o interesse dos eleitores nos possíveis candidatos.
Internamente, membros da bancada avaliam que o presidente da sigla em Minas, Domingos, pode despontar melhor nesses levantamentos que Biondini. A análise é que a relação dele com prefeitos e com o agronegócio pode impulsionar a candidatura.
Eros Biondini reúne, entretanto, o apoio das bancadas católica e evangélica, que contribuíram para engrossar a base eleitoral dele. O que é dado como certo também nessa costura é que a opinião de Jair Bolsonaro será decisiva para a definição de quem concorrerá pelo PL ao Senado.
Além disso, Nikolas Ferreira (PL-MG) é, hoje, figura descartada no baralho. Em primeiro lugar, o deputado não alcançou, ainda, a idade mínima de 35 anos para concorrer ao cargo. Depois, a bancada nacional do PL avalia que é importante para o partido manter Nikolas na Câmara dos Deputados para um segundo mandato.
Reginaldo Lopes
O cálculo político do núcleo do PT que articula uma candidatura para o governo de Minas Gerais em 2026 inclui um nome do partido para concorrer a uma das duas cadeiras no Senado. A intenção é que a outra seja entregue a um nome mais próximo do centro, com quem a legenda avalia construir uma aliança.
Um dos nomes lembrados é o do deputado Reginaldo Lopes (PT), que já planejou concorrer ao cargo nas eleições anteriores. Em 2018, atendendo a um pedido de Lula, ele cedeu para que Dilma Rousseff (PT) disputasse. Em 2022, também a pedido do presidente, abriu espaço para o PT apoiar Alexandre Silveira, hoje ministro de Minas e Energia.
Reginaldo não esconde o desejo de ir ao Senado, mas a avaliação é de que será necessária uma articulação ampla nos âmbitos estadual e nacional pela reeleição do presidente Lula e para o partido chegar ao Palácio Tiradentes — com Rodrigo Pacheco pelo PSD.
Do contrário, a tendência é que Reginaldo concorra novamente à Câmara dos Deputados, principalmente impulsionado pela presença em projetos de grande projeção. No ano passado, ele foi um dos relatores da reforma tributária; neste ano, deve ser designado relator do projeto de Pacheco para criar um marco regulatório da Inteligência Artificial no país.
Duda Salabert
Outra opção que surge corriqueiramente nesse espectro político é a deputada Duda Salabert (PDT-MG). Recém-saída da corrida pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), ela promete concentrar esforços nas "demandas do mandato como deputada" em 2025 e 2026.
A disputa não seria novidade para Duda. Em 2018, ela foi a primeira mulher trans a se candidatar ao Senado por Minas Gerais, obtendo 1,99% dos votos. Nas eleições seguintes, em 2020, foi eleita vereadora de Belo Horizonte, com o maior número de votos da história da cidade na época, 11,9%. Já em 2022 foi eleita deputada federal.
Veja abaixo os principais nomes cotados para concorrer ao Senado por Minas Gerais em 2026:
Fonte: O Tempo