Petistas que estavam esquecidos também foram resgatados no novo governo
Lula (Foto/Ricardo Stuckert/Divulgação)
Após a definição dos ministérios, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começa a ganhar corpo com a nomeação de outros cargos na estrutura e, diante dos nomes até aqui apresentados, é fácil perceber que boa parte do segundo e do terceiro escalões da administração será ocupada por aliados que fracassaram nas urnas. Além disso, o governo atual também está resgatando nomes esquecidos do cenário político nos últimos anos.
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A área até aqui mais recheada de derrotados nas últimas eleições é a de Justiça e Segurança Pública, comandada pelo ex-governador do Maranhão Flávio Dino (PSB). O ministro nomeou, por exemplo o advogado Augusto de Arruda Botelho (PSB-SP) para o cargo de Secretario Nacional de Justiça. Botelho, que foi advogado da Odebrecht, teve 40 mil votos em São Paulo e não conseguiu uma vaga à Câmara Federal. Outros dois nomes do partido do ministro e que também fracassaram nas urnas foram nomeados: Elias Vaz (GO), que vai comandar a pasta de Assuntos Legislativos, e Tadeu Alencar (PE), secretário de Segurança Pública. Além deles, Dino também nomeou Marivaldo Pereira (PSOL-DF), que assume a secretaria de Acesso à Justiça, e Wadih Damous (PT-RJ), que comandará a secretaria de Defesa do Consumidor.
Marcelo Freixo, deputado federal que disputou as eleições para governador do Rio de Janeiro pelo PSB e que anunciou nesta quarta-feira (4) sua filiação ao PT, vai comandar a Embratur, órgão de promoção ao turismo ligado à pasta de Daniela Carneiro, a Daniela do Waguinho (União-RJ). Neste caso, ainda chama atenção o fato de que Daniela está sendo acusada de ligação política com um grupo suspeito de integrar milícias, cujo combate é um dos principais focos de atuação de Freixo ao longo de sua carreira.
Quem também deve garantir um espaço é Alessandro Molon (PSB-RJ), que mesmo recusando-se a deixar sua candidatura ao Senado no Rio quando houve um acordo entre PT – que preferia André Ceciliano – e PSB. Ele acabou derrotado por Romário (PL), que conseguiu a reeleição. Agora, Molon deve ocupar o comando do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O Ibama, outro órgão de conservação ambiental, também deve ficar com o PSB. Neste caso o cotado é Ricardo Agostinho (PSB-P), outro que também fracassou nas urnas.
No Ministério do Desenvolvimento Social, Wellington Dias vai abrigar o deputado estadual André Quintão (PT-MG), que foi vice na chapa de Alexandre Kalil ao Palácio Tiradentes, em Minas Gerais. A dupla perdeu para Romeu Zema (Novo), que conseguiu a reeleição. O mineiro será Secretário de Assistência Social da pasta.
Outro derrotado nas urnas que também terá espaço é o ruralista Neri Geller (PT-MT), que teve a candidatura indeferida ao Senado em 2022. Agora ele deve ocupar a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Já o deputado federal Hildo Rocha (MDB-MA) tem caminho pavimentado para ocupar a secretaria-executiva do Ministério das Cidades.
Além dos cargos em segundo escalão, também há políticos que perderam eleições e que ocupam ministérios. São os casos de Fernando Haddad (PT, na Fazenda), Alexandre Silveira (PSD, em Minas e Energia), Simone Tebet (MDB, no Planejamento) e Márcio França (PSB, Portos e Aeroportos).
Jean Paul Prates (PT), que não é exatamente um derrotado nas urnas, mas abriu mão da reeleição ao Senado em prol de um acordo político no Rio Grande do Norte, comandará a Petrobras.
O novo governo também garantiu que antigos aliados que andaram esquecidos dos holofotes pudessem garantir espaços relevantes. O principal exemplo é o de Aloizio Mercadante, novo presidente do BNDES. Já Gilberto Carvalho agora deve cuidar da secretaria de Economia Solidária do Ministério do Trabalho. Além deles, Miriam Belchior também voltou à ativa, no comando da secretaria-executiva da Casa Civil. Já Jorge Viana, ex-governador do Acre, passou a comandar a Agência Nacional Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex).
Ainda há dúvidas sobre o futuro de Dilma Rousseff, ex-presidente da República. Embora Lula tenha dito reiteradas vezes que ela não participaria do governo, há apelos entre aliados para que ela seja nomeada para um algum cargo no exterior, ou em uma embaixada ou representação em organismo internacional.
Fonte: O Tempo