O uso de máscara, segundo a médica, é controverso, pois embora diminua o número de partículas que a pessoa respira, não protege totalmente da gripe
Para se prevenir contra a Gripe A (apelidada de gripe suína) é importante evitar locais aglomerados, viagens prolongadas e ambientes sem ventilação. O alerta é da médica Adriana Aveiro Ventura, mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, professora titular de Saúde e Sociedade do curso de Medicina da Universidade de Uberaba (Uniube). O uso de máscara, segundo a médica, é controverso, pois embora diminua o número de partículas que a pessoa respira, não protege totalmente da gripe. As faixas etárias mais jovens - abaixo de 1 ano de idade, e as mais velhas - acima de 60 anos de idade, de acordo com a médica que atua com ênfase em Medicina Preventiva e Social, têm maior risco de adoecimento grave. Para quem tem boa saúde, alimenta-se bem e faz exercícios físicos regulares, a especialista garante que o risco é menor. Jornal da Manhã - De onde vem o vírus da Gripe A (H1N1)? Por que ela foi apelidada de gripe suína? Adriana Aveiro - Embora existam relatos de gripe desde o início do século - como a gripe espanhola, em 1918, o vírus da gripe - chamado de vírus Influenza - foi isolado pela primeira vez em 1930. Hoje, sabemos que existem três tipos de vírus Influenza - tipo A, tipo B e tipo C. O vírus do tipo A é o que mais possui chance de fazer mutações e de se transformar em um novo tipo que pode desenvolver doença e, até a morte em muitas pessoas. Por isso, é o que tem maior potencial epidêmico. O vírus Influenza - tipo A, além do homem, acomete varias espécies de animais - porcos, aves - e também circula entre elas, causando surtos de gripe. Deu-se o nome de gripe suína porque havia um tipo de vírus semelhante a este atual circulando entre os suínos, na época do surgimento da nova gripe. Este novo vírus parece ter sido uma combinação genética de vírus de outras espécies animais, com a humana. O problema do vírus Influenza - tipo A é esta grande capacidade de mutação genética que ele possui. JM - A que a senhora atribui o aumento do número de registros da gripe no Brasil? AA - Atualmente, o deslocamento de pessoas entre países e continentes é muito grande, então já era esperado que houvesse este aumento de casos, principalmente no Hemisfério Sul, pois estamos na estação do inverno, que favorece as pessoas ficarem mais aglomeradas e facilita a transmissão, além de diminuir a resistência do sistema respiratório. JM - Quais cuidados as pessoas devem tomar, mesmo sem se deslocar até à Argentina e outros países em que há maior risco de transmissão? AA- Evitar locais aglomerados, viagens prolongadas, ambientes sem ventilação. O uso de máscara é controverso, pois embora diminua o número de partículas que a pessoa respira, não protege totalmente da gripe. JM - A maioria dos casos confirmados no Brasil, está em São Paulo. O que as pessoas com viagem programada para o estado paulista, devem fazer para se prevenir? Idas a teatros e, demais locais fechados devem ser evitados? AA - Apesar de o maior número de casos, São Paulo é a maior cidade do país, então o risco lá pode não ser maior que em outras cidades. Além de evitar locais aglomerados, cabe lembrar que a grande maioria dos casos de gripe é leve e a gravidade depende do estado de saúde das pessoas. Quem tem uma boa saúde, alimenta-se bem, faz exercícios físicos regulares, tem menor chance de vir a ter gripe mais grave. Apenas nos casos mais graves tem-se indicado o tratamento antiviral. JM - Em que faixa etária os cuidados devem ser intensificados? Ou não há faixa de risco? AA- As faixas etárias mais jovens - abaixo de 1 ano de idade, e as mais velhas - acima de 60 anos de idade, têm maior risco de adoecimento grave. JM - O que deve fazer a pessoa que suspeitar ter contraído a doença? Como é o exame para o respectivo diagnóstico? AA - A atual definição de caso de gripe inclui sintomas que se iniciam 1 a 4 dias após o contato com outro caso e que evolui com febre alta - acima de 38ºC que pode durar até sete dias, dores do corpo e de cabeça, fraqueza, tosse, dor de garganta, nariz entupido ou com coriza. Raramente ocorrem diarréia e vômitos, mais comum em crianças. O exame indicado para os casos é a coleta de secreção (swab) do nariz e da garganta. Mas, só é feito em casos selecionados. JM - A senhora acha que os municípios brasileiros podem ficar tranquilos ou devem lançar mão de medidas preventivas? AA – Não. Os municípios devem monitorar, constantemente, os casos de gripe e acompanhar o surgimento de casos muito graves. JM - Os hospitais estão preparados para atender o número crescente dos casos? E como é o tratamento? AA - Depende do número de casos graves que surgem. Até o momento, o percentual de casos graves está abaixo de 1% e existem hospitais disponíveis para atendimento.