“Sexo não tem idade. Proteção também não.” O slogan é um recado direto aos homens e mulheres acima de 50 anos, os “cinquentões”, sobre o perigo da Aids. Nesta faixa etária, a incidência da doença mais que dobrou. O índice passou dos 7,5 casos por 100.000 habitantes, em 1996, para 15,7 em 2006, segundo dados do Ministério da Saúde, que fará um alerta nacional sobre o problema nesta segunda-feira, Dia Mundial de Luta contra a Aids. Em Belo Horizonte, no Hospital Eduardo de Menezes, da Rede Fhemig, referência no Estado no tratamento de doenças infecto-contagiosas, não será diferente. Uma programação especial promete debater o assunto com a presença de especialistas, portadores do vírus HIV, familiares e membros da comunidade em geral. O Ministério da Saúde divulgou, na semana passada, o boletim epidemiológico Aids/DST 2008, onde consta que de 1980 a junho de 2008 foram registrados 506.499 casos de Aids no Brasil. Durante o período, 205.409 morreram em decorrência da doença – a grande maioria homens, 73,4%, ou 150.719 óbitos acumulados. A média anual de casos da doença no período é de 35.384. Mas a estimativa é de que existam 630 mil pessoas infectadas no país. A região Sudeste é a que tem o maior percentual de notificações, 305.725 casos, ou 60,4% do total. Nesta região, de 24,4 casos para cada mil habitantes em 2000, a taxa caiu para 22,5 em 2006. Outra boa notícia diz respeito aos registros de transmissão vertical da doença (de mãe para filho). No período de 1980 a junho de 2008, foram diagnosticados no país 11.796 desses casos. Mas, de 1996 a 2006, houve uma queda acentuada, 57,5% – de 892 para 379 casos notificados – segundo dados do Ministério da Saúde. Medidas preventivas durante o pré-natal e o parto podem reduzir para menos de 1% o risco de transmissão vertical do vírus da Aids. Apesar do crescimento da Aids na população acima dos 50 anos, a maioria dos casos, porém, ainda está na faixa etária de 25 a 49 anos. E dos 47.437 casos notificados desde o início da epidemia na faixa etária dos “cinquentões”, 29.393 (62%) foram registrados de 2001 a junho de 2008. Desse último grupo, 37% são mulheres e 63% homens, segundo dados do Ministério da Saúde. Os números mostram que a incidência vem crescendo em todas as regiões nessa faixa etária. No Sudeste, em 1996, existiam 10,9 casos da doença para cada 100 mil habitantes. Esse índice subiu para 18,3 em 2006. “Clube do Enta”. Em virtude desses números, o Hospital Eduardo de Menezes reforça a luta do Ministério da Saúde para prevenir os casos de Aids na faixa etária acima de 50 anos. O “Clube do Enta” citado no slogan do evento do Eduardo de Menezes é uma referência à campanha, deflagrada em nível federal, na qual são abordados assuntos ligados à sexualidade, como o uso do preservativo e dicas para melhorar a relação sexual depois dos 50 anos. Os anúncios se passam no “Clube do Enta”, formado apenas por homens acima dos 50 anos que têm orgulho da idade e da experiência acumulada. Os “sócios” rimam palavras terminadas com “enta”, relacionadas ao cotidiano da faixa etária. E dizem que, para o sexo, nunca se aposentam. O vírus do HIV entra no organismo humano e pode ficar incubado por muitos anos sem que o indivíduo apresente nenhum sintoma ou sinal de doença. Esse período gira em torno de oito anos. É muito importante que as pessoas que passaram por uma situação de risco façam o teste. Entre essas situações estão as seguintes: relação sexual com parceiros eventuais sem o uso de preservativos, compartilhamento de seringas e agulhas, principalmente no uso de drogas injetáveis; transfusão de sangue contaminado pelo HIV, acidentes ocupacionais com objetos perfurocortantes contaminados e filho nascido de mãe portadora do HIV, quando não foi feito pré-natal adequado ou que tenha sido amamentado.