Amamentação: momento especial ou pesadelo

Amamentar é, para muitas mulheres, um dos momentos mais especiais da vida. Para outras, o aleitamento materno representa um pesadel pouco leite, mamilos machucados, corpo cansado e bebê cada vez mais estressado. Mas todos esses problemas têm uma única causa: a aplicação da técnica errada. Segundo a enfermeira Suzana Lopes de Melo, especialista em amamentação, autora do livro Amamentação contínuo aprendizado, explica que a utilização de um método errado pode trazer uma série de prejuízos para a mamãe e para o neném.   No caso do bebê, Melo ressalta que ele alimenta mal, podendo não ganhar peso suficiente. Isso faz com que a mãe acabe entrando com outros leites nos primeiros meses de vida da criança, o que é prejudicial para o seu desenvolvimento, já que, comprovadamente, o leite materno é o alimento mais completo nessa idade. “Além disso, ele fica irritado e estressado, porque cansa de ficar muito tempo no peito e não conseguir sugar o leite. Isso faz com que ele não durma bem”, destaca Suzana. Já para a mamãe, as consequências podem ser: cansaço físico e estresse, porque, conforme informa a especialista, na maioria das vezes, a técnica errada é decorrente de uma má posição da lactante. Ainda da sucção errada podem surgir problemas como dores ou machucados nos mamilos. “A mulher fica com baixa autoestima, porque acredita naqueles mitos de pouco leite ou leite fraco. Não existe isso.   O que existe é técnica errada de amamentação”, garante. Correta. Para quem amamenta sentada, a enfermeira informa a posição correta: “A mãe precisa estar recostada, com os pés bem apoiadas, os ombros não podem ficar tensos e, de preferência, ela deve estar nua da cintura para cima”, ressalta Suzana. Ela acrescenta que a cabeça do neném deve estar apoiada na curva do braço e antebraço. O bebê precisa também estar totalmente virado para a mãe, encostando a sua barriga nas costelas da lactante e com o rosto apontado para o peito. “Vale lembrar que o bebê deve estar sem touca e de braços e pernas livres”, orienta.   A mão da mamãe - do mesmo lado do braço que a cabeça encosta - precisa estar embaixo da nádega da criança, dando firmeza. Já a outra mão deve segurar o peito da forma popularmente conhecida como “mão de bailarina” - quatro dedos por baixo e o dedão por cima. Ainda segundo a especialista, a mãe precisa verificar se a auréola (rodela escura que fica depois do mamilo) está bem flexível. “Se não estiver, é necessário fazer a autoordenha manual”, recomenda. É importante ainda verificar se a boca do bebê está cobrindo toda – ou praticamente toda – a auréola. “O neném tem que formar a que chamamos boca de peixe, com o lábio de baixo bem virado para baixo e o de cima para cima”, informa.   Orientação. “Se o mamilo doer, é porque está errado. Porque se está ferindo, é porque a pega não está boa”, avisa a enfermeira. Para as mamães que estão com dificuldade em amamentar, a dica é procurar o Ambulatório da Funepu (sala da amamentação), em horário comercial, onde elas podem receber orientações gratuitamente pela equipe especializada. Outra opção para as lactantes é fazer uso do Disque Dúvidas Amamentação (DD-Ama). Pelo projeto, as mamães podem esclarecer suas dúvidas por meio do telefone 90 90 9673-5300, para o qual elas podem discar a cobrar. Anualmente, a enfermeira Suzana Melo coordena em Uberaba o curso Manejo Clínico da Amamentação, voltado a estudantes e profissionais da saúde. As aulas da turma de 2009 terão início amanhã.