Para o professor da Havard Medical School, Robert Janett, é preciso identificar as brechas do atual sistema e ter coragem para mudar
Foto/Unimed Uberaba
Robert Janett falou sobre Atenção Primária à Saúde durante workshop em Uberaba
Novo modelo de gestão para cuidar do paciente, a Atenção Primária à Saúde (APS) compreende uma forma singular de humanização e foi tema de workshop esta semana em Uberaba com o professor da Havard Medical School, Robert Janett, referência mundial do assunto.
Em visita ao Jornal da Manhã, Robert explicou que a APS é um campo da medicina em que um médico tem responsabilidade pelos bens do paciente. “Não falamos unicamente da doença, mas em um médico generalista que vai manter a saúde, entender a sensibilidade psicológica, assim como a rede social e familiar do paciente”, afirma, reforçando que o modelo visa evitar o adoecimento a partir de cuidados primários.
Para o especialista, o papel do médico já foi responder as crises agudas de saúde, mas agora precisa mantê-la. “Falamos de serviços preventivos e gerir as doenças crônicas, porque esse é o desafio principal do Brasil: evitar as complicações secundárias de doenças crônicas. Não é complexo gerir uma pessoa com diabetes e hipertensão arterial, mas quando surgem as complicações, como AVC, insuficiência renal e cardíaca é necessário um serviço muito especializado”, avalia, reforçando que o papel do médico da família é dar o tratamento certo para as enfermidades antes de se agravarem.
Robert Janett pondera ser preciso identificar as brechas do atual sistema e ter coragem para mudar e atender as necessidades populacionais, demográficas e epidemiológicas do país. “O novo sistema evita problemas, o sofrimento humano e impede desperdício nas despesas da saúde. É um sistema muito mais eficaz, com qualidade e custo controlado”, justifica.
O professor argumenta, ainda, que o sistema de saúde tradicional é baseado no médico, como o centro do universo. “O centro do universo é o paciente. Temos que reposicioná-lo, assim como os valores, necessidades, alvos e metas. O paciente tem que guiar os médicos e não o contrário. Essa mudança cultural é difícil, mas é muito importante”, finaliza.