Bióloga defende ensino sexual no Jardim de Infância

O sexo é tão importante para a saúde humana que até a Organização Mundial da Saúde (OMS) coloca a atividade sexual como um dos índices para medição do nível de qualidade de vida das pessoas. E foi pensando nessa importância que a bióloga Eliete Rodrigues Pereira, especialista em orientação sexual, escreveu o livro O Poder do Sexo, que será lançado hoje em Uberaba.   Atualmente, 51% das mulheres e 48% dos homens no Brasil sofrem de disfunção sexual. “Percebo que a reclamação no sexo feminino é muito maior e não temos ainda uma droga, como no caso dos homens, para resolver o problema”, afirma Eliete.   De outro lado, a bióloga alerta que entre as múltiplas causas da manifestação dessa dificuldade, uma das mais preocupantes é a falta de autoconhecimento. “As mulheres não se conhecem, algumas sequer sabem o período em que estão férteis”, ressalta.   Além disso, a bióloga critica a falta de tratamento para esses problemas no sistema público de saúde e de preparação dos profissionais da rede para o acolhimento dos pacientes, como no caso das adolescentes que procuram ginecologistas. “Aos 13 anos, se uma menina procura um médico, todos olham torto. Na verdade, talvez ela nem esteja interessada na primeira relação, mas sim na informação e no cuidado com a sua saúde”, justifica.   Eliete alerta também para a maneira errada com que a educação sexual é conduzida no país. De acordo com a especialista, a criação da mulher brasileira não faz com que ela fortaleça seu corpo. “É difícil ver o ‘empoderamento’ das mulheres. E no sexo a mulher também pode ser ativa”, garante.   Educação sexual. Para Eliete, a educação sexual começa desde o ventre materno, quando os pais fazem planos com a cor do enxoval relacionando-a com o sexo da criança. “Para o bebê, não importa se é rosa ou azul, mas para os pais, sim. É uma preparação genética”, destaca.   A especialista defende a abolição da estória da “cegonha” e o início do ensino sexual já no jardim de infância, já que, conforme ela explica, o sexo é um ato natural. “O que importa é a forma com que se explica. Devemos nos ater a responder apenas ao que a criança pergunta, não entrando em detalhes, e nunca inventar uma história”, orienta.   O livro. O Poder do Sexo conta com a apresentação do Monsenhor Juvenal Arduini e será lançado hoje, às 20h, no Centro Cultural Cecília Palmério. Conforme conta a autora, a obra está dividida em quatro partes, que apresentam o sexo em diferentes dimensões.   A primeira delas relaciona o ato sexual e a biologia, informando, entre outros, sobre a estrutura do corpo, a gravidez e a fertilização. Já a segunda parte trata do sexo como pecado. “Não existe uma verdade absoluta. Por isso escrevi sobre diversas questões, como o aborto, o homossexualismo e a masturbação, obedecendo à ótica de várias religiões”, relata Eliete.   De acordo com a bióloga, o terceiro e o quarto itens do livro correspondem, respectivamente, ao prazer e ao poder. “Hoje, o tema sexo, envolvendo pornografia, prostituição e tráfico de pessoas, corresponde ao segundo maior mercado do mundo”, conta.