Desde 1989 que o Brasil não apresenta nenhum caso de poliomielite, mais conhecida como paralisia infantil. No entanto, ela não deixou ...
Desde 1989 que o Brasil não apresenta nenhum caso de poliomielite, mais conhecida como paralisia infantil. No entanto, ela não deixou de existir em outros países, como Nigéria, na África; Índia, Afeganistão e Paquistão, na Ásia. “A poliomielite é causada por três tipos de vírus, o polivírus, e em 95% dos casos é assintomática, passando por um resfriado e realmente sem manifestação clínica nenhuma. Em 5% dos casos é que se tem manifestação clínica leve, com febrícula, às vezes com dor de garganta, tosse e um quadro respiratório alto. E apenas 1% desenvolve a paralisia”, explica o pediatra Sandro Penna Corrêa. Segundo o especialista, a paralisia infantil é uma doença com nível de contaminação alto. “De 1.000 crianças contaminadas, 1% vai desenvolver alguma paralisia. Se pararmos para pensar, é um índice alto para uma doença irreversível, pois não tem chance de tratamento. Às vezes, a paralisia começa em membros e pode vir para a musculatura torácica, causando parada respiratória e normalmente não tem volta; a criança vai a óbito. Quando a paralisia é apenas de membros inferiores, a criança sobrevive, mas fica com as sequelas importantes”. De acordo com o pediatra, o vírus da poliomielite possui curto período de sobrevida quando está no ambiente, porém sempre em grandes quantidades quando numa situação de epidemia. “O contágio é muito rápido, com transmissão fácil. Ao mesmo tempo, os sintomas da doença levam até 20 dias para aparecer, principalmente de paralisia. Podem iniciar com o quadro leve e a paralisia aparecer apenas no final. A pessoa, às vezes, apresenta um quadro de febre ou diarreia e acha que é uma virose normal, com cura natural, mas, no final dessa fase, vem a paralisia e se diagnostica como poliomielite”. O sucesso do Brasil está exatamente na prevenção, uma vez que não existe cura para a doença. “É uma doença contra a qual a vacina é muito eficaz e simples, de acesso fácil, via oral ou injetável. No caso da oral, é o vírus vivo e selvagem, não causador da doença, mas que possibilita a proteção do organismo. Por isso, a importância de se vacinar o máximo de crianças em um dia, pois além de imunizar a criança, ao ser eliminado pelas fezes, ele compete com os vírus causadores da doença que possam estar no ambiente”, explica o pediatra. O que se pode fazer no caso de desenvolvimento da paralisia infantil é o tratamento de suporte da doença, onde se minimizam as complicações, como cuidar da hidratação, em caso de diarreia. “É importante frisar que não se deve parar de vacinar, pois pode se ter a impressão de que por ela ter sido erradicada não precisa levar o filho para tomar a vacina, o que não é correto. É importante vacinar, pois não sabemos como será a doença no futuro. É imprescindível a população toda tomar a vacina no mesmo dia. Quem não vacina não está imune. Na verdade, o vírus pode estar em qualquer pessoa, adulto ou criança, sem que o desenvolvam, mas ainda podem transmitir”, conclui.