Pouco falado, porém recorrente. É assim que se pode definir o câncer bucal no Brasil. Maio é o mês de conscientização desta doença, que acomete principalmente os homens acima de 40 anos. Segundo a odontologista Marcia Nomelini, este é o quinto câncer que mais mata homens no Brasil.
À Rádio JM, Nomelini esclareceu que entre os principais fatores que contribuem para o desenvolvimento do câncer na boca estão: uso do tabaco, uso de álcool e exposição ao sol.
“São três vezes mais homens do que mulheres. Principalmente homens que fazem uso do tabaco e do álcool, de uma maneira maior do que o recomendado, ou pessoas que se expõem muito à luz, trabalhadores rurais, pessoas que trabalham expostas à luz. Ele também acomete os lábios, também pessoas que fazem sexo sem proteção. Então, hoje, o HPV (sigla em inglês para Papilomavírus Humano) também é um dos fatores de risco para o câncer bucal”, afirma.
O câncer bucal pode se manifestar de diversas maneiras. Entre elas, feridas brancas parecidas com aftas, feridas vermelhas, manchas brancas, nódulos no pescoço ou, até mesmo, por assimetria facial. Nomelini explica que a similaridade com outros ferimentos que podem ocorrer na região é um dificultador para alertar o paciente. Porém, algumas características podem indicar que aquele machucado é mais do que uma simples afta.
"O que diferencia qualquer machucado na boca é que em 15 dias ele some. O câncer bucal, não. E nos primeiros estágios do câncer bucal ele é indolor. Então, o paciente não vê aquilo ali como um problema de saúde. A pessoa está com a feridinha e aquilo vai ficando ali parecendo uma afta. Só que ela tem uma borda mais endurecida do que a afta e vai crescendo lentamente, sem dor”, explica.
Esta dificuldade na identificação do câncer faz com que muitos diagnósticos ocorram tardiamente, de forma que o paciente pode precisar da retirada de membros. “Quando o paciente procura o serviço de saúde bucal, ela [a doença] já está em estágio muito avançado e nesse momento já vai para o cirurgião de cabeça e pescoço, que vai ter que fazer a retirada, às vezes da língua, de parte da língua, da maxila, da mandíbula, da base do nariz, que é o palato, o céu da boca. Quando acomete nessa região, há uma mutilação muito grande. A pessoa acaba tendo que tirar todo o nariz”, conta Marcia Nomelini.
Devido a isso, em 2024, a campanha Maio Vermelho deve focar no diagnóstico precoce da doença. Conforme a odontologista, quando identificado nos estágios iniciais, existe a possibilidade de retirada do tumor sem abranger membros. Para isso, é importante que o paciente procure um especialista.
“Hoje, em Uberaba, tanto na prefeitura quanto na Uniube há portas abertas para lesões bucais. Então, o paciente não precisa marcar, não precisa ficar em fila, ele tem 24 horas para ser atendido. Então, identificou, ele vai ser atendido. O dentista da rede pública vai encaminhar ele para dois locais: o CEO Boa Vista, na URS Boa Vista, ou para a Policlínica, que é o CEO da Uniube. O CEO é o Centro de Especialidade Odontológica”, finaliza.