A incidência desse câncer é crescente, com pico entre 35 e 45 anos e em torno de 15% dos casos ocorrem após os 65 anos de idade
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Cléber Sérgio da Silva, médico ginecologista e mastologista do Hospital Dr. Hélio Angotti
Finalizando o Janeiro Verde, mês de campanha sobre o câncer de colo de útero, dados apontam como o terceiro tipo mais frequente da mulher. A estatística mundial mostra uma morte a cada dois minutos e o Brasil registra seis mil mortes por ano e 16 mil novos casos. Para falar desse assunto, a entrevista é com o médico ginecologista Cléber Sérgio da Silva. Ele é coordenador do departamento de oncologia ginecológica e supervisor da Residência de Mastologia do Hospital Hélio Angotti.
De acordo com o médico, esse câncer se relaciona com a transmissão sexual de um vírus denominado Papilomavírus Humano (HPV). Portanto, relações sexuais desprotegidas, multiplicidade de parceiros e promiscuidade sexual são os principais fatores de risco para contrair HPV. A incidência desse câncer é crescente, com pico entre 35 e 45 anos e em torno de 15% dos casos ocorrem após os 65 anos de idade.
As consequências de qualquer câncer dependem da fase do diagnóstico, aponta Cléber Silva. O médico acrescenta o quanto, nesse caso, ele é traiçoeiro, por não apresentar qualquer sintoma nos estágios iniciais, podendo levar à perda da fertilidade, pela retirada do útero, e até à morte. Nesse processo, os sintomas são alterações da função sexual, insuficiência renal, dores incapacitantes, hemorragias, fístulas entre a bexiga e a vagina e entre o intestino e a vagina.
O Papanicolau é o exame de triagem universal, complementado pela colposcopia, quando necessário, para realizar a biopsia para confirmação do diagnóstico. Existe, também, a vacina HPV, encampada pelo Ministério da Saúde para as Unidades Básicas de Saúde (UBS), oferecida para meninas de nove a 14 anos e meninos com idade entre 11 e 14 anos. Cerca de 20 milhões de adolescentes se encontram nessa faixa etária.
O Hélio Angotti dispõe de corpo clínico qualificado para a realização de cirurgia, radioterapia e quimioterapia e de serviço de psicoterapia para acompanhamento emocional das pacientes. O laboratório do Hospital analisa cerca de 1.500 exames de Papanicolau coletados em UBS de Uberaba e de mais 27 municípios. Cerca de 5% desses exames apresentam alterações, mas, devidamente tratados, impedem o desenvolvimento do câncer, segundo informa o médico, que destaca o diagnóstico precoce como grande aliado à cura da doença.