Aprovado esta semana pelo Senado, projeto de lei que obriga planos de saúde a oferecerem atendimento nos casos de planejamento...
Aprovado esta semana pelo Senado, projeto de lei que obriga planos de saúde a oferecerem atendimento nos casos de planejamento familiar, incluindo procedimentos como fertilização assistida, laqueaduras e vasectomias. Em Uberaba, a notícia foi comemorada, uma vez que o serviço público de planejamento familiar passa por dificuldades na cidade. Só documentados no Centro de Atenção Integral de Saúde da Mulher (Caism) estão cerca de 400 casais, aguardando na fila uma oportunidade para se submeterem à laqueadura ou à vasectomia. A assistente social Zélia de Oliveira Barbosa, que trabalha no local desde a sua fundação, lembra que, além desses registros, há uma demanda reprimida de pessoas que sequer tiveram acesso a informações sobre os métodos anticonceptivos. Atualmente, segundo Zélia, a dificuldade na rede pública não se atém aos métodos cirúrgicos. “Nem sempre as pessoas conseguem ter acesso a métodos simples, como camisinhas e anticoncepcionais orais”, afirma. Quanto aos procedimentos cirúrgicos, as filas são grandes, porque, conforme conta a assistente social, o número de encaminhamentos foi reduzido drasticamente nos últimos cinco anos. Antes de 2004, o Caism já chegou a registrar 20 vasectomias por mês. Atualmente, são encaminhadas apenas duas por semana (oito por mês) e, ainda assim, nem todas as guias são cumpridas na unidade hospitalar credenciada, na cidade, para a execução do procedimento pelo SUS, que é o Hospital Universitário [HU]. “Sei que a intenção maior do HU é o ensino, e não estou cobrando isso deles, que estão com acúmulo de serviço. Mas acredito que a gestão municipal do SUS tem que dar conta dessa demanda”, ressalta Zélia, relatando que, frequentemente, é obrigada a remarcar as cirurgias de pacientes que não foram atendidos no primeiro momento. Conforme conta a especialista, devido à grande demanda, algumas famílias com dois filhos procuram o sistema, mas só conseguem acesso ao procedimento muito tempo depois, quando já somam três ou quatro filhos. “É muita injustiça, porque elas não estão tendo acesso a um serviço ao qual têm direito”, desabafa. Nos últimos cinco anos, houve redução da carga horária e de pessoal na equipe do Caism e o número de laqueaduras realizadas pela rede pública também diminuiu na cidade. De 20 encaminhamentos, antes realizados, são feitos, hoje, apenas 10. “Eu acredito que o número de atendimentos deveria ser maior, considerando que a população de Uberaba já é de quase 300 mil habitantes”, opina. O projeto aprovado no Senado segue agora para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para a assistente social, essa é a chance de a população ter acesso ao serviço. Na rede pública, orientações sobre planejamento são prestadas no Caism. Informações sobre todos os tipos de métodos anticonceptivos, desde os mais simples (camisinhas) até os cirúrgicos, são prestadas à população pelo grupo de orientação, que acontece às segundas-feiras, às 17h30.