Segundo a Sociedade Brasileira de Otologia (SBO), o clima é fator determinante para o crescimento das infecções e inflamações em crianças e adultos durante o verão. Os casos de otite externa - infecção que atinge o canal externo do aparelho auditivo - chegam a aumentar em 50% neste período, tornando-se a maior queixa nos consultórios médicos. Otorrinolaringologista da SBO, Marcelo Miguel Hueb explica que isso acontece porque é difícil resistir a um bom banho de piscina ou de mar para aliviar o calor. “O contato excessivo com a água e a umidade são as principais causas das infecções durante o verão, além, é claro, dos hábitos assumidos pela população durante os meses mais quentes”, destaca. Quando o ambiente está úmido e quente, o contato constante com a água pode impedir o acúmulo adequado do revestimento natural do canal auditivo externo. A perda dessa proteção local, que nada mais é do que a cera de ouvido, pode ocasionar descamações e coceiras, incômodo que leva a pessoa a sentir a necessidade de secar o ouvido constantemente, provocando lesões que facilitam a ação de bactérias e fungos causadores de infecções e inflamações. Diferente da otite média aguda, que aparece com maior frequência durante o inverno, afetando principalmente crianças até os seis anos de idade, a otite externa pode afetar adultos e crianças de todas as idades, por estar diretamente ligada ao hábito de coçar o ouvido e à limpeza inadequada. Neste sentido, Marcelo Hueb chama a atenção para três regras básicas no sentido de evitar a dor de ouvido neste verã “não molhar, não coçar e procurar o otorrinolaringologista”. O uso de protetores macios, como os de silicone, para evitar a entrada de água no ouvido é recomendado para prevenir as otites. Em caso de dor, coceira, secreção e diminuição da audição, o especialista alerta sobre a importância de se procurar um especialista assim que houver os primeiros sintomas. “Esta é a melhor maneira de prevenir este problema. Procurar o Otorrinolaringologista significa visitas periódicas, mas também visitas prévias ao verão. De uma maneira geral, em relação às otites externas, prevenir é sempre melhor do que remediar, principalmente em recém-nascidos, idosos ou pessoas com a saúde debilitada”, explica. O tratamento é feito com analgésicos, calor local, instilação de gotas e limpeza do canal e, às vezes, há necessidade da prescrição de antibióticos, mas apenas o médico tem conhecimento para avaliar o estado de cada paciente.