Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2001 foram 497 cirurgias bariátricas, para tratamento de sobrepeso, número que subiu para 3.195 em 2008. As técnicas são variadas, sendo as principais delas as de redução de estômago. E a eficácia é perceptível em pouco tempo após a cirurgia. Pessoas ficam magras quase que da noite para o dia, mas especialistas alertam que é necessário ter cuidado. O especialista em cirurgia do aparelho digestivo, Luiz Flávio Vilela de Mesquita, destaca que a cirurgia é para o tratamento de uma doença, a obesidade. “Não é estético, a estética é um ganho a mais. E quem pode fazer esse tipo de cirurgia são aquelas pessoas que têm obesidade mórbida, ou seja, 40 quilos acima do peso ideal. Por exemplo, uma pessoa com 1,70 m de altura e 110 quilos, a princípio, é um paciente com indicação cirúrgica”, explica. O especialista revela, porém, que não basta fazer essa conta. “O obeso passa por uma equipe composta por endocrinologista, cardiologista, nutricionista e por psicólogo, para ver se realmente tem indicação cirúrgica ou se o caso pode ser resolvido com reeducação alimentar e exercícios”. Pessoas que possuem doenças associadas à obesidade, como hipertensão, diabetes tipo 2, nem sempre precisam ter a média de sobrepeso. As complicações são as mesmas de outra cirurgia qualquer: embolia pulmonar, infecções, derrame, infarto. Segundo Luiz Flávio, esses problemas são decorrentes da obesidade, e não da cirurgia. “E os riscos são pequenos”, destaca. Por isso, no Brasil são feitas cerca de 70 mil cirurgias por ano e o índice de mortalidade é de 0,3%, o mesmo registrado nos procedimentos para a retirada de uma pedra da vesícula ou de uma apendicite”. Cerca de 5% da população sofre de obesidade mórbida, sendo 15 mil pacientes somente em Uberaba. Isso vem acontecendo porque os hábitos mudaram, atingindo até mesmo crianças. “Quando eu era criança, andava a pé pela cidade e jogava bola na rua. Hoje as crianças vão de carro para a escola e, quando chegam em casa, vão direto para o computador, comem produtos enlatados. O governo precisa incentivar o não sedentarismo através de esporte e educação”. A cirurgia ainda é cara devido ao preço dos materiais, que varia entre 3 mil e 11 mil reais, por isso o especialista destaca que é mais barato evitar a obesidade. “E não precisa comer pouco e passar fome para emagrecer. Tem que comer bem — frutas, verduras, carboidratos — e evitar os enlatados, refrigerantes, açúcares e gorduras”, explica Mesquita.