Alergia alimentar infantil acomete de 3% a 8% das crianças com menos de 3 anos de idade, segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai)
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Pesquisadores americanos dizem que o uso recorrente de lenços de limpeza abre espaço para substâncias que causam alergia
A alergia alimentar infantil é um fenômeno que intriga médicos e cientistas. Acomete de 3% a 8% das crianças com menos de 3 anos de idade, segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), e não tem um medicamento específico para tratá-la, já que vários fatores podem estar envolvidos, desde os hereditários ao potencial alérgico de alguns alimentos.
Pesquisadores americanos demonstraram que esses mecanismos também podem estar arranjados e, depois de experimentos com camundongos, montaram uma espécie de “combinação perfeita” para o surgimento da alergia. São quatro fatores envolvidos: uma genética que altera a absorção da pele, o uso recorrente de lenços de limpeza infantil, a exposição da pele das crianças a alérgenos na poeira e a vestígios de alimentos presentes em quem cuida delas.
A pesquisa foi desenvolvida por uma equipe da Universidade Northwestern e principal autora do estudo, divulgado no Journal of Allergy e Clinical Immunology. Os pesquisadores usaram evidências clínicas sobre alergia alimentar em humanos. Há pesquisas mostrando que até 35% das crianças com alergias alimentares têm dermatite atópica e que a maioria dos casos ocorre devido a três mutações genéticas que reduzem a barreira de proteção da pele. Por isso, cobaias recém-nascidas foram modificadas geneticamente para ter as mutações e expostas a alérgenos alimentares.
Cook-Mills conta que se questionou sobre com quais elementos causadores da alergia alimentar os bebês teriam mais contato e como ele ocorreria. “Eles estão expostos a alérgenos ambientais presentes na poeira de casa. Podem não comer alérgenos alimentares por ser recém-nascidos, mas os estão recebendo na pele. Por exemplo, um irmão que come pão com manteiga de amendoim e beija o bebê no rosto, ou um pai preparando comida com amendoim e, logo em seguida, vai lidar com o bebê”, exemplificou a autora.
No experimento, os camundongos tiveram a pele exposta, de três a quatro vezes, a alérgenos alimentares e poeira. Cada contato durou 40 minutos e foi repetido ao longo de duas semanas. As cobaias também foram alimentadas com ovo ou amendoim. Como resultado, apresentaram reações alérgicas no local da exposição da pele, no intestino e reação alérgica grave de anafilaxia, medida pela diminuição da temperatura corporal.