Genebra. A crise econômica internacional desembarca no setor da saúde. O Fundo Global, entidade criada há seis anos para financiar a luta contra a Aids, tuberculose e malária, circulou um comunicado interno pedindo que todos os novos projetos enviados por governos de países pobres tenham seus orçamentos reduzidos em 10% para a compra de remédios. A ordem, segundo matéria realizada por Jamil Chade, correspondente de O Estado de S.Paulo na Suíça, veio dos governos dos países ricos, os principais responsáveis pelo financiamento do Fundo. A entidade é considerada como a maior financiadora de projetos contra as três doenças no planeta. Desde 2002, distribui cerca de US$ 15 bilhões para projetos que governos e ONGs submetem em busca de recursos. O Fundo é considerado como uma revolução na busca por uma solução internacional para a falta de recursos em alguns países. Em números absolutos, o Fundo continuará a apresentar em 2009 um crescimento de recursos em relação a 2008, como forma de atender a um número cada vez maior de pedidos de financiamento. Mas o ritmo de expansão deve ser menor que o dos anos anteriores e, para cada projeto, o volume total de recursos será reduzido. O orçamento para o ano será debatido no dia 31 de março em uma reunião na Espanha. Segundo Paulo Teixeira, vice-presidente do Comitê de Política e Estratégia do Fundo, os países latino-americanos se queixaram da decisão de pedir que todos os novos projetos tenham seus orçamentos cortados. “Protestamos”, afirmou Teixeira, que foi o diretor do Programa de Combate à Aids no Brasil, no início da década, e chegou a ser o diretor do Departamento contra Aids da Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas a decisão de realizar um corte de 10% para cada projeto foi mantida. Recursos. Hoje, o Fundo garante a distribuição de coquetéis antirretrovirais para 2 milhões de pessoas; já distribuiu 70 milhões de redes contra o mosquito que transmite a malária, e tem 4,6 milhões de pessoas no mundo sob tratamento contra tuberculose. Na semana passada, o Congresso americano garantiu que daria US$ 900 milhões para o Fundo em 2009, US$ 60 milhões a mais que em 2008.