Existem movimentos, portanto, que podem ser comprometidos pela obesidade ou por trauma relacionado ao tipo de trabalho
Os joelhos são a base de toda a sustentação do corpo e, muitas vezes, ficam relegados à posição em que se apresentam. Só nos lembramos deles quando aquela dorzinha incessante nos impede de fazer algo a que estamos acostumados. É por isso que aparecem lesões das quais só tomamos conhecimento quando já estão em processo avançado e exigem uma cirurgia importante. Para se ter uma ideia, no Hospital de Clínicas são feitas, em média, cinco cirurgias por dia. Segundo o ortopedista Constantino Calapodopulos, especialista em cirurgia de joelho na UFTM, houve mesmo um aumento no número de cirurgias nos últimos tempos, mas isso se deve não apenas ao aparecimento de problemas. São as evoluções tecnológicas que têm oferecido possibilidade de diagnósticos precoces. “Faço em torno de 40 a 45 cirurgias por mês, o que é uma quantidade muito grande, mas temos um potencial para fazê-las em quantidades ainda maiores, se não fosse o problema do bloco cirúrgico do hospital, que, preferencialmente, além da cirurgia eletiva, mantém atendimentos de emergência”. O ortopedista explica que muitas cirurgias programadas não são executadas, tendo de aguardar uma semana ou mais. A fila de espera conta hoje com mais de 400 pacientes. “Nós recebemos pacientes não só de Uberaba, como de toda a região. Cidades pólos, como Araxá, Frutal, Itapagipe e Conceição das Alagoas, encaminham todos os casos para Uberaba. Como se não bastassem, também os pacientes de cidades do interior de São Paulo, como Igarapava, Ituverava e Aramina, acabam vindo para Hospital de Clínicas, mesmo pelo SUS”, informa Constantino. O joelho é uma articulação que não possui encaixe nem suporte ósseo. É uma articulação que depende exclusivamente de ligamentos. “Então, há uma série de movimentos que são peculiares dos joelhos, o que os diferem das outras articulações. Existem movimentos, portanto, que podem ser comprometidos pela obesidade ou por trauma relacionado ao tipo de trabalho. Neste caso, as pessoas que recebem uma sobrecarga muito grande, normalmente, não só comprometem a superfície articular como também os ligamentos, as cartilagens da superfície articular (meniscos), ou seja, toda essa estrutura”, esclarece. Há problemas que são percebidos com diagnósticos de melhor precisão, principalmente através de ressonância magnética, que é considerado o exame mais eficiente. “Mas este não é um exame acessível. É caro para a nossa realidade. É um exame que habitualmente o Sistema Único de Saúde não fornece, mas parece que acenderam a luz no fim do túnel no Hospital de Clínicas, que comprou um aparelho e, com certeza, ajudará no tratamento das pessoas carentes, com um diagnóstico melhor, não só nas doenças do joelho como em outras patologias ortopédicas, que vão ter o auxílio da ressonância”. Constantino explica que muitas dessas cirurgias estão relacionadas à falta de cuidados. São casos de indivíduos que tiveram lesões importantes, mas que não chegariam ao processo de destruição da articulação, como a artrose. “Entre as lesões mais frequentes temos as relacionadas ao processo degenerativo, onde o fator genético ou predisponente estão envolvidos. A mulher, quando chega aos 50 anos, na fase da menopausa, por ações ainda desconhecidas, provavelmente por uma interação hormonal associada, desenvolve com facilidade lesão degenerativa articular. Esta teria surgido ao longo do tempo, mas, por falta de cuidados e com a chegada da menopausa, acaba se acelerando”.