Em Caminho das Índias, novela das oito da rede Globo, somos transportados a um mundo totalmente diferente do nosso. A Índia, com seus diferentes climas, línguas e povos, está refletida em sua cultura milenar, carregada de valores presentes na filosofia espiritualista. É nos variados estilos de dança que essa forma de viver fica ainda mais clara para a cultura ocidental. Segundo a professora de dança, Érica Esteves, sua origem está nos templos onde as dançarinas, conhecidas como Devadasis, se devotavam exclusivamente à adoração do deus Shiva, através da dança indiana. Outro estilo muito conhecido é a dança do ventre, mas a professora destaca que, apesar de semelhantes, possuem diferenças marcantes. “Na dança do ventre a ação é concentrada no físico, por trabalhar muito mais o quadril e a musculatura do corpo, principalmente do abdome”. Por isso, ela revela que a dança tem se mostrado vantajosa para a saúde do corpo e da mente, atuando na definição das formas do corpo, corrigindo a postura, o que reduz as dores na coluna. Os movimentos também ajudam a conservar a mobilidade articular, combatendo a prisão do ventre e cólicas menstruais. Para gestantes, diminui as cólicas, equilibra funções sexuais e facilita contrações e dilatações. Além disso, estimula a memória, concentração e a atenção. “A dança do ventre revela a feminilidade, e é muito voltada à estética, destacando o glamour, exaltando a beleza dos traços e das cores. Já a dança indiana, atua mais na sensibilidade, revelando a pessoa como ser humano emocional. Através da meditação e do estímulo à concentração, essa modalidade resgata a espiritualidade das pessoas. Mas, para uma pessoa ter resultados, é preciso, antes de tudo, mudar sua concepção de vida, seus hábitos e a alimentação”, explica Érica. Equilíbrio. Buscando resgatar o ser humano, a dança traz a filosofia indiana para trabalhar a saúde física e mental. “É uma dança que tem que surgir de dentro para fora, para trabalhar a beleza interna e os valores. Os hindus gostam muito de representar os deuses, como aqueles responsáveis por tudo o que existe. O principal é Shiva, que tem o poder de criar coisas maravilhosas e, ao mesmo tempo, o de destruir o que é ruim. É assim que a dança atua em nós: construindo a conscientização dos valores, como ter mais calma, cuidado com si mesmo e com o próximo, enfim, solidariedade. E por isso, exige concentração e disciplina, que vão influenciar nas atitudes do dia a dia”. Indicação. Segundo Érica, por conta dessa característica, a dança indiana é ideal para pessoas que são agitadas, que têm problemas de circulação, insônia, estresse e cansaço. “Quebra a timidez, complexos, resgata mais a vaidade natural e a auto-estima. Trabalha a calma, oferece maior domínio das emoções e o controle das atitudes agressivas e destrutivas”, completa. Sua principal característica visual é a presença dos gestos com as mãos e pernas, que seguem num ritmo com três velocidades que se alternam durante a dança. “Essa variação de ritmos trabalha a percepção, melhorando a coordenação motora, a respiração, a circulação e o equilíbrio do eixo corporal. Por consequência, regula a postura, os batimentos cardíacos e a concentração”. Outro ponto destacado na dança indiana é a ligação energética. “Sem espelho, e descalça, a pessoa tem entendimento maior sobre seu próprio corpo, passa a se conhecer melhor. A dança indiana gosta de resgatar o lado bom e caridoso, amigo e solidário, trabalhando corpo e mente pela evolução do ser humano na terra”, conclui Érica Esteves.