Segundo os especialistas, entre as mais comuns estão as dores nas costas, de cabeça, faciais, fibromialgia e aquelas dos portadores de HIV, câncer e diabetes
“Dor é o que o paciente diz ter e ela existe quando o paciente diz que a sente”. Esta é a definição adotada por especialistas sobre um dos sintomas mais comuns, mas que ainda não é considerado como deveria. De acordo com a neurologista Sônia Beatriz Felix Ribeiro, toda dor é subjetiva. Portanto, cada um tem a sua forma de vivenciar a dor e não há como avaliar essa sensação no outro, já que ela tem um caráter multifatorial. “Há, por exemplo, influências culturais, socioeconômicas e do estado emocional do paciente. Então, cada pessoa lida com a dor de uma forma. O próprio clima influencia. Na época do frio, por exemplo, temos mais dor. Também as mulheres, devido aos períodos de alterações hormonais, sentem mais dor que os homens”, explica. Sônia destaca que, por ter a influência de vários fatores, essa sensação precisa ser observada também por todas as áreas de atuação da saúde. “Na abordagem da dor, sempre trabalhamos com fisioterapeutas, mas trouxemos, este ano, a colaboração de um educador físico, para o aspecto da prevenção. Isso porque entre as causas desse sintoma está a má postura, a maneira de se sentar, respirar, a alimentação. A obesidade também traz muita dor, principalmente as lombalgias, dores nas costas, que são as maiores causas de dor no mundo e os principais sintomas que levam pessoas ao médico”. Segundo os especialistas, entre as mais comuns estão as dores nas costas, de cabeça, faciais, fibromialgia e aquelas dos portadores de HIV, câncer e diabetes. “A dor aguda é importante, porque é um sinal de alerta de que há algo errado no organismo. E nessa ocasião a pessoa sempre deve procurar um médico. Como podemos saber, por exemplo, se um paciente sofreu um infarto se ele não sentir dor? Ela serve para alertar. Já a dor crônica não tem essa finalidade. É uma doença que avaliamos da mesma forma que a pressão alta ou do diabetes. Hoje existe a doença chamada dor crônica”, explica Sônia. Diagnóstico. Para saber se uma dor que ultrapassa três meses de duração e apresenta-se de forma crescente é crônica, a neurologista recomenda ao paciente que procure um especialista. “A dor crônica provocada pela fibromialgia, por exemplo, deve ser tratada pelo reumatologista e, eventualmente, pelo neurologista especializado em dor. Disfunções mandibulares são da responsabilidade do dentista”. Sônia revela que hoje existem clínicas especializadas em dor em hospitais universitários, contando com equipe multiprofissional, composta por médico, psicólogo, fisioterapeuta, nutricionista, assistente social, dentista, entre outros. Em Uberaba, pelo atendimento público, existem a Clínica de Dor, no Hospital de Clínicas da UFTM, e a Clínica de Dor Orofacial, na Uniube, mas é necessário que o paciente passe pela triagem para o encaminhamento. Tratamento. Os especialistas alertam, ainda, para o risco da automedicação. As terapias complementares, como hidroterapia, RPG, método Pilates, ioga, massagens, além da acupuntura e psicoterapia, podem funcionar bem no controle da dor crônica, associada ao acompanhamento do especialista. Segundo Sônia, hoje há, também, alternativas mais específicas. “Existem casos de pacientes que, depois de usar todos os recursos, continua sentindo dor. Para estes é indicada uma abordagem específica, como as técnicas que diminuem ou interrompem as vias de condução da dor, de forma cirúrgica”.