Desde aproximadamente 380 anos a.C. há registros do uso da equitação como meio de reabilitação da saúde. Mas a modalidade de tratamento só começou a ser difundida no mundo depois da 2ª Guerra Mundial, quando os cavalos foram utilizados para recuperação dos soldados mutilados.
No Brasil, a equoterapia chegou na década de 70, ganhou impulso há cerca de 20 anos e a cada dia a prática ganha mais adeptos, por seus inúmeros benefícios.
De acordo com a fisioterapeuta Karla Leandro Costa, entre as vantagens está a melhora significativa do senso de equilíbrio. "A equoterapia é um tratamento diferenciado em que nas primeiras sessões já é possível ver os efeitos na execução de movimentos", destacou. Ela explica que isso acontece porque desde a primeira sessão da terapia em cima do cavalo, o praticante adapta-se ao ritmo do animal, o que promove um ajuste do sistema ósteo-músculo-articular.
Um dos casos acompanhados por Karla foi de uma idosa que conseguiu, em dez meses, uma melhora de 100% quanto ao equilíbrio. "Não ter noção do corpo no espaço é uma das principais dificuldades dos idosos, o que ocasiona muitas quedas. Sempre conseguimos resultados favoráveis nesses casos", garantiu a fisioterapeuta.
Além disso, conforme Karla, por estimular o sistema nervoso central, a equoterapia traz outros benefícios físicos, como aumento da força muscular e efeitos positivos comportamentais e psicológicos. "Todos os sentidos – olfato, tato, audição, visão e paladar – melhoram com o método por meio de estímulos proprioceptivos. As pessoas saem de um tratamento rotineiro e vão para um ambiente diferenciado, que é a natureza", destacou.
O tratamento. Segundo a Associação Brasileira de Equoterapia (Ande), a partir de dois anos de idade, a criança já pode praticar o método para auxiliar no seu desenvolvimento, não havendo limite máximo de idade para a terapia.
A equoterapia é indicada para diversas patologias, como as neuromusculares e as ortopédicas. "Entre as indicações, pessoas com problemas posturais,
distúrbios mentais, com sequelas neurológicas decorrentes de traumatismo craniencefálico, amputações e doença do crescimento", frisou a especialista, acrescentando que o método também é aconselhado para autistas, cegos e pessoas com síndrome de Down.
"Mas além de reabilitar, a equoterapia também proporciona prevenção de algumas patologias e oferece ao praticante melhor qualidade de vida", destacou.
O tratamento das pessoas acontece em sessões semanais de 30 minutos. Para cada tipo de praticante, um tipo de cronograma é montado, com uma equipe interdisciplinar, que envolve, entre outros, fisioterapeutas, pedagogos e psicólogos. Quanto aos cavalos, de acordo com a Ande, os animais para a prática devem ter, no mínimo, 1,5m de altura, ser simétricos e ter passo transpistar.
Em Uberaba, segundo a fisioterapeuta, esse tipo de trabalho é desenvolvido na Associação Mineira de Equoterapia, coordenada pelo fisioterapeuta William Rocha de Oliveira.
Contra-indicações. Karla ressalta que antes de iniciar esse tipo de tratamento, em qualquer caso, é necessária consulta prévia com um médico. A terapia é contra-indicada para pessoas com excessiva lassidão ligamentar, cardiopatias agudas, instabilidade da coluna vertebral, luxação de ombro e quadril, escoliose em evolução de mais de 30º, hidrocefalia com válvula, etc.